O erro sociológico de Sérgio Moro

O erro sociológico de Sérgio Moro

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Sérgio Moro está certo. É preciso combater a corrupção no Brasil sem dó nem reverências.

Sérgio está errado. É preciso combater a corrupção no Brasil respeitando a forma da lei.

A diferença entre arapongagem e escutas telefônicas é a forma (da lei).

Sérgio Moro erra em se misturar com a investigação.

Chupou o seu método da Itália: associação com o MP e a mídia.

Vazar grandes denúncias para julgar apoiado na opinião pública.

A estratégia tem um pouco de astúcia e outro de populismo jurídico.

Moro vê-se no papel de Eliot Ness.

A sua metodologia encanta almas simples e mentes simplórias.

Moro é o paladino, o herói solitário, o justiceiro.

O erro sociológico de Moro consiste em não ver as diferenças entre a Itália e o Brasil.

A Operação Mãos Limpas, num país menos desigual, triturou direita e esquerda.

Moro, num fosso de desigualdade, deixou-se capturar pela direita.

Deixa indolentemente que façam dele um militante antipetista.

Não percebe que, enquanto ele combate a corrupção, seus sequestradores combatem uma ideologia.

Moro quer justiça. Os seus defensores querem derrotar um adversário odiado.

Enquanto Moro tem uma retórica calculada, os procuradores da Lava Jato abusam de uma linguagem ideológica com expressões típicas de redes sociais como "aparelhamento do Estado".

Só um partido aparelho o Estado?

Moro precisa libertar-se. Deixar de ser refém.

Livre, poderá radicalizar a Lava Jato e transformá-la na Operação Mãos Limpas brasileira.

Por enquanto, ele é só um instrumento nas mãos sujas da direita para derrubar o oponente, cujas mãos também não passariam no teste do velho Omo total. Se não acordar, perderá uma chance histórica.

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