O melhor aluno da classe

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Economista Eduardo Moreira desmonta narrativa do governo sobre reforma da Previdência

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Maria Lúcia Fatorelli talvez seja a pessoa que mais conhece a dívida pública brasileira. Ela garante que se poderia facilmente economizar o equivalente à poupança sonhada por Paulo Guedes parando de remunerar as sobras de caixa dos bancos, uma mamata que faz a festa do sistema financeiro. Ela esteve no Esfera Pública, da Rádio Guaíba, nesta semana. No dia seguinte, por telefone, foi a vez de Eduardo Moreira. Ele é jovem, 43 anos, rico, bem-sucedido em tudo o que faz e contrário à reforma proposta por Jair Bolsonaro. Ex-investidor dentro de banco, com passagem pelo Pactual, escolhido melhor alunos de economia em 15 anos pela Universidade da Califórnia e um dos três melhores economistas do Brasil, pela revista Investimentos, Moreira foi recebido duas vezes pela rainha Elizabeth. Na primeira, foi o primeiro brasileiro a ser condecorado pela soberana.

      Eduardo Moreira foi considerado um dos 40 brasileiros mais bem-sucedidos com menos de 40 anos. O seu livro “Encantadores de vida” encabeçou todas as listas de mais vendidos do Brasil. Ele mexe com tudo e ganha dinheiro com facilidade pelo talento. Escreveu a peça infantil “Branca de Neve e Zangado”. Sabe muito de doma não violenta de cavalos. Casado com a bela atriz Juliana Baroni, aparece nas páginas da revista Caras com desenvoltura. Pois esse sujeito, com esse perfil “Direita Miami”, considera a reforma da Previdência de Paulo Guedes um erro grave. Segundo ele, só quem não será atingido pela reforma é que a defende. Moreira sustenta que para crescer o Brasil precisa rever a PEC dos gastos públicos, adotada, enfatiza, num ano péssimo na economia, flexibilizar a lei de responsabilidade fiscal e ter um Estado promotor de crescimento.

      Para Eduardo Moreira, ao tirar de R$ 1 trilhão da vida cotidiana com a reforma da Previdência, o governo vai desestimular a economia nacional. Um país, sustentou, não pode ser comparado com uma família em termos de receita e despesa. Essa é uma aproximação simplista. O mais importante de tudo: a reforma da Previdência de Paulo Guedes não ataca os privilegiados. A maior parte da economia prevista será obtida à custa dos que ganham menos, os contribuintes do Regime Geral e os beneficiados pelo BPC. O que se aprende com Eduardo Moreira? Antes de tudo, que criticar a reforma da Previdência não é coisa de esquerdista desvairado. Por fim, que a narrativa governamental da reforma é uma chantagem que custará caro e será ótima para quem tem muito.

      Um dos livros de Eduardo Moreira tem um sintomático título: “O que os Donos do Poder não querem que Você Saiba". No seu canal no youtube, sobre educação financeira, ele desmonta mitos. Um deles: a Previdência não é deficitária. A conta é incorreta. Desconsidera o artigo 195 da Constituição Federal, que estabelece as fontes da Seguridade Social. O especialista defende uma reforma da Previdência, mas não essa do governo. Numa frase mais forte, afirma que tem muita gente apostando na reforma da Previdência para ver o dólar cair e poder viajar para a Disney. Os defensores da história oficial piram. Moreira joga no contrapé, estraga o roteiro, revela o truque, conta a verdade: a reforma é boa para bancos. O banqueiro Paulo Guedes trabalha para os seus.

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