O oportunismo do Fora Dilma

O oportunismo do Fora Dilma

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Fora, Dilma?

Até Fernando Henrique Cardoso sabe que se trata de golpe.

Mas dá o tapa e esconde a mão.

Se vier, por que não?

Poderá dizer que  não fomentou.

A oposição no Brasil tem uma obsessão: o impeachment. Collor foi derrubado. O PT passou oito anos gritando “Fora FHC”. Agora é a vez do “Fora Dilma”. A vírgula foi para o espaço. Toda semana, a oposição se entusiasma e, feito um arqueólogo, comemora: “Achamos o elo perdido”. Já foi o estelionato eleitoral – Dilma não teria cumprido promessas de campanha. Tem sempre o petrolão. A bola da vez é a “pedalada fiscal”.

Dilma teria descumprido a lei de Responsabilidade Fiscal.

Dilma tem errado muito. Até o momento, porém, nada se provou contra ela que justifique um impeachment.

O governo é denunciado por ter aparelhado o STF. A prova seria que já indicou oito ministros para o Supremo. Nada mais fez do que cumprir a Constituição. A única maneira constitucional de evitar que um governo indique a maioria dos membros do STF é derrotar o governo nas eleições. A PEC da bengala, que pretende aumentar a idade máxima de um ministro do STF de 70 para 75 anos, é um golpe branco. Tem solução melhor: basta a oposição ganhar a próxima eleição. Será que, nesse caso, ainda vai achar interessante ampliar o tempo de permanência de um ministro e vai continuar chamando de aparelhamento a indicação dos membros do STF pelo presidente da República? Joaquim Barbosa foi indicado por Lula e tornou-se algoz do PT no mensalão.

Falta paciência à oposição no Brasil. Se não gosta do governo, quer mandá-lo para casa antes da próxima eleição. A Constituição brasileira não prevê demissão de presidente da República por incompetência. Muito menos por ódio generalizado ao seu partido. Collor caiu por falta de base parlamentar. Não tinha o PT, o PCdoB e o PMDB para segurá-lo no poder. E por causa de um Fiat Elba, a prova material de um ilícito. De resto, acabou absolvido pelo STF. Cada vez mais fica claro que a oposição não está tão preocupada assim com a roubalheira. O seu interesse maior é encontrar um atalho para devolver Dilma Rousseff aos encantos da Zona Sul de Porto Alegre.

O DEM clama pela queda de Dilma. José Agripino Maia é um dos cavaleiros em combate pelo impeachment da presidente. Acontece que Maia é acusado, numa delação premiada, de ter pedido propina para irrigar a sua campanha. Ronaldo Caiado é outro que tem pressa em puxar o tapete de Dilma. A cruzada moral do senador é manchada por uma declaração do seu ex-companheiro de partido, Demóstenes Torres, cassado por corrupção. Caiado teria recebido dinheiro do contraventor Carlinhos Cachoeira. Fala, Demóstenes, solta o verbo: “Ronaldo, fazia sim, parte da rede de amigos de Carlos Cachoeira, era, inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de amizade que se nutria Ronaldo Caiado, peguem as contas de seus gastos gráficos, aéreos e de pessoal, notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que qualquer um verá as impressões digitais do anjo caído. Siga o dinheiro”.

Eu sou a favor do impeachment.

De qualquer um.

Basta que se tenha um prova cabal de crime de responsabilidade. Não existindo essa prova, tenho um conselho gratuito para a oposição: ganhar a próxima eleição. É um método infalível. Escancara as portas do Planalto.

O único problema é que a próxima é só em 2018.

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