O preconceito racial desde Shakespeare

O preconceito racial desde Shakespeare

publicidade

Nesta segunda-feira, 13 de maio, lembramos da infâmia mais infame, a escravidão, que durou no Brasil até 1888.

As marcas da escravidão estão por toda parte, especialmente no preconceito que se manifesta em piadas, tiradas falsamente espirituosas, analogias, imagens, comparações e até na luta contra o chamado politicamente correto.

O preconceito racial perpassa a história da arte.

Otelo, de Shakespeare, é um mouro. Um negro.

Militar valente, dele depende Veneza.

Ele se casa secretamente com a branca Desdêmona, filha de senador.

O pai da moça pode confiar nela para salvar a sua vida e da república, mas não para ser o pai dos seus netos. As expressões racistas abundam na obra.

Faz parte daquele tempo, daquela cultura, daquele imaginário.

Mas não deixam de ser racistas.

Iago, o canalha da peça, alerta o senador Brabâncio: "Um velho bode negro está cobrindo vossa ovelha branca. De pé! De pé!"

O Doge de Veneza, por razões pragmáticas, consola como pode o senador Brabâncio: "Vosso genro é muito mais belo do que negro".

Em Shakespeare, o racismo é dos personagens.

Em nosso Monteiro Lobato, o racismo é do autor.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895