Oxigênio para a cultura gaúcha

Oxigênio para a cultura gaúcha

Governador liberou recursos

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    Cultura é cultivo. O governador Eduardo Leite liberou R$ 76 milhões para a cultura do Rio Grande do Sul. A Biblioteca Pública do Estado vai receber R$ 2 milhões. A BP, além da direção da Morgana Marcon, conta hoje com a atividade de dois médicos e escritores incansáveis, Gilberto Schwartsmann, aniversariante da quarta-feira, e Alcides Stumpf. Foi Alcides quem me ligou para contar detalhes. A primeira providência será o restauro dos salões Egípcio e Mourisco da casa. Aliás, o teatro São Pedro também vai receber R$ 7,5 milhões para o Multipalco. É chuva boa e prazenteira na lavoura das culturas.
    Em 14 de setembro, data de comemoração dos setecentos anos da morte do imenso poeta Dante Alighieri, haverá uma projeção sobre a fachada da Biblioteca Pública. O espetáculo contará também com a interpretação de do ator Zé Adão Barbosa de texto de Rafael Bán Jacobsen. Outra boa notícia passada por Alcides Stumpf é o lançamento do Prêmio Mozart Pereira Soares para: romance, conto, crônica, poesia, ensaio, peça teatral e livro infantil. Os autores não poderão ter mais de 35 anos de idade. A cultura precisa de estímulos. É fundamental. Há incentivos em dinheiro, como esse, muito importantes, e também há incentivos provenientes do entusiasmo de pessoas como Gilberto e Alcides. Intelectuais são aqueles quem saem das suas especialidades para atuar na esfera pública promovendo reflexão, debate e cultura.
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    Outro assunto cultural importante é a polêmica, em São Borja, sobre o uso da casa que foi de João Goulart. Maria Thereza Goulart publicou carta ao prefeito da cidade, Eduardo Bonotto, questionando a situação da Casa Memorial João Goulart, museu criado por ela. A viúva do presidente deposto pelos militares em 1964 diz ter notícias de que falta preservação e manutenção. É um espaço que merece ser cuidado.
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O Palácio Capanema, no centro do Rio de Janeiro, pérola de dezesseis andares do modernismo de Le Corbusier, com o dedo de gente  como Affonso Eduardo Reidy, Lúcio Costa e até do então estagiário Oscar Niemayer, com azulejos de Candido Portinari, esculturas de Bruno Giorgi, pinturas de Alberto Guignard e jardins de Burle Marx, poderá se vendido. Sede do ministério da Educação e Saúde, produto da Era Vargas, o edifício viu muito intelectual e artistas no seu interior, gente do porte de Carlos Drummond Andrade e Ferreira Gullar. Quando, porém, para lembrar tirada célebre, ao ouvir falar em cultura, alguém saca o seu revólver, já se foi o boi com a corda e a obra de arte.
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E assim atravessamos a vida
Ora tristes como quem foge
Ora opacos como quem morre
Por vezes, loucos de porre.

Um dia com o sol na cabeça
Outro, com a cabeça na lua,
Sonhando em partir para longe,
Ou em voltar de vez para casa.

 


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