Pedra, pêssego e pó
Rastro de uma ambição
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A tarde era tão mineral quanto um bicho fossilizado,
Árvores retorcidas imploravam por água e sombra
Meus pés enterravam-se na poeira das poucas ruelas
Era uma estrada que se curvava para evitar o Uruguai
Como, antes, as almas dos índios fugiam do Paraguai
Senhoras avançavam enfeitiçadas pela chama das velas
Casei num sábado enquanto velhas descascavam pêssegos
Da infância guardei apenas o aroma de figos maduros
E certos mapas mentais que não me tiram de apuros
Sei que morrerei num final de tarde com cheiro de fruta,
Um crepúsculo que se apagará como as luzes da estação
Fazendo do meu corpo o que sempre foi, uma gruta.
Nesse dia, então, eu me tornarei pedra, pêssego e pó.