Perfeito idiota norte-americano

Perfeito idiota norte-americano

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A coerência é a utopia dos infelizes.

Os gênios se contradizem.

Os imbecis jamais saem dos trilhos.

Andam sempre em linha reta. Nem precisam de antolhos.

Os limitados fazem ilimitadas recomendações condescendentes. É preciso abrir-lhes os olhos. A cultura não garante boas escolhas. A Alemanha, pátria da cultura erudita, levou Hitler ao poder pelo voto. A América Latina, nesse quesito, sempre foi menos surpreendente: colocou seus ditadores no poder pelo voto dos tanques e das baionetas. Os Estados Unidos, campeão de prêmios Nobel, elegeu Donald Trump. Alguém já viu homem mais capaz de gerar vergonha alheia?

Donald Trump é um exemplar acabado do perfeito idiota reacionário estadunidense.

Qual a grande qualidade de Trump? O dinheiro.

Na vida, ele aprendeu a ser rico. Muito rico. Nada mais. Desconhece as noções básicas de geopolítica, de diplomacia, de solidariedade e de política interna. Pode-se acreditar na competência e no papel histórico de um homem cujos principais projetos são fomentar a xenofobia e acabar com os planos de saúde universais? Trump dissemina a ideia de que saúde é um problema pessoal. Como foi que o país que mandou o primeiro homem à lua e realizou filmes como “Cidadão Kane” elegeu um troglodita para presidente? Procurei outro termo. Não achei. Peço desculpas aos trogloditas históricos, ou pré-históricos. No futuro, eles não pagarão mais o pato. A humanidade terá novo termo:

– Como foi que a França tão culta elegeu um Trump para governar?

– Como foi que o Uruguai elegeu um Trump depois de ter sido uma bela democracia?

– Como foi que a Alemanha voltou a ter um Trump no poder?

Trump será sinônimo de estupidez. Ronald Reagan agradece. Trump vem fazendo com o que o antigo presidente neoliberal e bronco seja esquecido ou reinterpretado. Já ouvi o seguinte: “Reagan até que não era tão ruim quando diziam”. Outro dia, a mulher do primeiro-ministro japonês mentiu que não sabia falar inglês para não ter de conversar com o mandatário dos Estados Unidos da América. Não queria ouvir asneiras. Passaram-se seis meses da posse de Donald Trump. O que se vê? Nada.

Os Estados Unidos pagam mico por toda parte. Trumpinizou.

Resta uma hipótese radical e conveniente: foi o populacho que elegeu Trump. Não fosse a massa inculta norte-americana, que odeia estrangeiros, o velho Donald estaria curtindo sua jovem esposa nos luxuosos gabinetes das suas empresas. A culpa é sempre do povo. Ou dos russos. Esperto, Trump combinou com eles o resultado do jogo. Certo é que Trump diverte. Qual será a sua próxima gafe? Que porcaria ele vai fazer? Que asneira vai dizer? Que anedota vai contar? Quanto tempo vai ficar apertando a mão de alguém? Donald Trump é um palhaço triste.

O trumpinista vai dizer que estou atacando a cultura e sustentando que é ruim ter muitos prêmios Nobel. Já fui chamado de medíocre por dizer que há racismo em nosso país. Já me mandaram para Cuba por propor que o capitalismo seja melhorado. Já me rotularam de comunista por defender o modelo socialdemocrata sueco. Já me convidaram a pastar por gostar da vida no campo.

Ainda bem que o Brasil não é um país tão culto e cientificamente desenvolvido quanto os Estados Unidos. Isso deve nos salvar de Jair Bolsonaro em 2018.

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