Políticos go e corruptos de estimação

Políticos go e corruptos de estimação

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Políticos Go

 

      A febre do momento no mundo é o Pokémon Go. Vai chegar logo no Brasil. Talvez seja o caso de nossas autoridades adotarem medidas de segurança tão ou mais rígidas do que as previstas para evitar terrorismo nos jogos olímpicos. Se temos terrorista criador de galinha, o que não teremos de caçador de Pokémon? Todo mundo sabe que é um joguinho de caçar os velhos Pokémon da infância das nossas crianças – de vocês, que não tenho – com um aplicativo em celular. O perigo da caça ao Pokémon é a distração no trânsito. Em São Paulo, em certos horários, chamados de pico, não haverá problema. Será possível pegar os bichinhos até embaixo das rodas de carros engarrafados.

Um amigo sugere uma adaptação no aplicativo para o Brasil. Somos conhecidos pela nossa antropofagia. Pegamos o que vem de fora, mastigamos, ingerimos e devolvemos com outro gosto. Funciona. Em lugar de caçar Pokémon, por que não capturar políticos corruptos? É que Pokémon termina rápido. Já político corrupto nunca acaba. Tem vereador, deputado estadual, deputado federal, senador, prefeito, governador, presidente da República, secretário de governo, secretária municipal, ministro, candidatos a isto ou aquilo, suplente, chefe de gabinete. Dá para imaginar o prazer quase perverso de sair por aí apontando o celular e dizimando políticos corruptos.

Sabemos que cassações são lentas. Políticos Go apressará a eliminação dos safados e dará uma sensação de justiça. Eis a cena:

– Peguei um vereador do PTH.

– Peixe pequeno. Quero ver pegar um tubarão.

– Achei o Paulo Maluf!

– Vai, pega ele.

– Escapou.

– Olha lá, o Eduardo Cunha. Pega, pega, pega...

– Fez uma manobra com o regimento e escapou.

– Manobra?

– Entrou com novo recurso no STF.

Político Go tem tudo para dar certo. Quanto ficha-suja se pode capturar com um aplicativo usando GPS? Não conheço bem o jogo, mas já fico imaginando pontuações, categorias, desafios, disputas e pegas.

– Olha, olha lá, um ministro do Temer citado na Lava Jato.

– Já peguei cinco e sempre tem mais.

– Atenção, atenção, lá vai um tesoureiro corrupto do PT.

– Ah, isso é figurinha fácil.

– Tem uma coisa que me intriga nesse joguinho.

– O quê?

– Por que ninguém pega um corrupto do PSDB?

– É que eles enfurnam bem.

O importante é saber onde os políticos corruptos se escondem.

– Já sei onde se escondem os do PMDB.

– Onde, onde?

– No poder.

Localizados, devem ser pegos na hora. Li que, no jogo, as figuras vão evoluindo e ganhando poderes específicos. Reelegem-se.convite2

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