Por mais impostos na cerveja dos bebuns

Por mais impostos na cerveja dos bebuns

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Telmo, nosso amado chefe aqui no Correio, me chamou a atenção para o preço da cerveja no supermercado. Tem Brahma lata (350ml) por R$ 1,89 e Antarctica lata (350ml) por R$ 1,79. É muito barato. Consta que os impostos sobre a cerveja chegam a 56% do preço. Eu subia mais. Obtinha os R$ 18 bilhões que a presidente Dilma quer conseguir com o saco de maldades do Joaquim Levy sobretaxando a bebida da preferência nacional. O consumo brasileiro chega a 18 bilhões de litros por ano. Bota R$ 1 real a mais de imposto por litro e estamos conversados. Sai no xixi, não precisa mexer no seguro-desemprego e bola para frente.

Com um calor desses, o consumo nem cairia. No inverno, continuaria no piloto automático. Vai uma geladinha? Fiz uma extensa pesquisa sobre preços de cervejas no mundo. Existe um índice interessante. Na Geórgia, o bebedor precisa trabalhar 15 horas, tomando-se por base o salário mínimo nacional, para comprar uma cerveja. Na França, 36 minutos. No Brasil, uma hora. O custo médio de uma cerveja de 33 cl, nos supermercados franceses, é de 1,36 euros (em torno de R$ 4). Em Varsóvia, na Polônia, cai para 79 centavos de euro. Mas em Oslo, na Noruega, vai a 4 euros. Em Londres, bate em 2,40 euros (dado que quem mora em Londres garante ser defasado ou irreal, não baixando de 4 euros). Por que a cerveja é tão barata? Para incentivar o consumo da galera, estimular piada ruim e manter a população anestesiada ou para gerar empregos e ganhos?

Há quem defenda que a cerveja seja tratada como alimento e não como uma droga. Seria essa a atitude dos países civilizados. Fiquei com a impressão de que é conversa de bar regada a cerveja. Sejamos práticos: se o cara quer encher o latão, de latinha em latinha, que pague um imposto a mais pelo bem do Brasil. Os cervejeiros vão alegar que é mais uma maldade contra os pobres, pois rico prefere uísque. Sou a favor de botar mais impostos em cima de todas as bebidas alcóolicas. No uísque eu colocaria mais 200% de impostos. Fora o gelo. Não bebo. Nada tenho contra quem bebe. Apenas analiso o problema. Se o consumo cair, melhor. Menos doentes e menos xixi nas calçadas. Se persistir, tudo bem. Mais arrecadação para o Estado.

Será que o tratamento camarada com a cerveja tem a ver com o fato de que a Ambev, dona das principais marcas de cerveja do Brasil, esteve entre as três empresas que financiariam 65% dos custos das campanhas eleitorais dos três principais candidatos à presidência da República? A cerveja escapou da lei que restringe a publicidade de bebidas alcóolicas. Mas ela ajuda a matar nos acidentes de trânsito: cem mil mortos por ano e 500 mil com traumatismos provocados pelo trago a mais. A gelada não é santa. Só os inocentes e os apaixonados acham que ela é inofensiva. Imposto nela. Outra opção para alimentar os cofres nacionais, até agora desconsiderada pelo ministro Joaquim Levy, mas defendida pelo comunista Barack Obama para o seu país, é taxar as grandes fortunas. Os Estados Unidos já tiveram uma alíquota de impostos de robustos 80%. Faz mesmo sentido os 36 bilionários de São Paulo e eu pagarmos de imposto de renda os mesmos 27%?

Quando eu for candidato, terei como bandeira aumentar o imposto sobre a cerveja.

É claro que não me elegerei.

 

 

 

 

 

 

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