Que trabalho teremos no futuro?

Que trabalho teremos no futuro?

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No automático

 Como será o futuro? Que empregos para seres humanos ainda existirão em 2050? Como devem ser educadas as crianças de hoje para viver esse amanhã diferente? O jornal New York Times consultou especialistas. É sempre a melhor maneira de se permanecer em dúvida. Uma parte sugere que poucos empregos atuais sobreviverão, mas que a robotização e a automação liberarão os homens para novos trabalhos. Quais? A resposta é menos categórica. Serviços? Haverá para todos?

Outros suspeitam que os robôs deixarão parte da humanidade sem saber o que fazer. Até profissões como a de professor poderão ser duramente afetadas. O aprendizado deverá ser cada vez mais autoproduzido. Já se fala em morte da escola. O que nossas crianças precisam aprender? Uma parte dos experts defende que elas sejam treinadas desde a mais tenra infância a escrever programas de computador e a se fundir com as máquinas. Outra parte entende que o mais importante ainda é brincar para aprender na prática empatia, frustração, alegria espontânea e compartilhamento.

O lado otimista exala confiança: velhos empregos insuportáveis desaparecerão.

No lugar deles surgirão outros requerendo criatividade.

Nessa perspectiva, o ser humano será finalmente bem aproveitado. Adeus às tarefas enfadonhas, chatas, repetitivas e maquínicas. O lado cauteloso ou pessimista, sem querer parecer nostálgico ou reacionário, teme um futuro de máquinas ocupadas e homens liberados para o tédio. Em tom mais acadêmico a questão que berra é: como será a sociedade do pós-trabalho? Seremos todos jogadores, artistas e viajantes, espíritos libertários degustando a vida? Ou seremos todos desempregados, deprimidos e inúteis? Viveremos todos de ajuda estatal graças a um salário mínimo universal já em debate?

Outra dúvida: nosso cérebro será mais utilizado ou menos? Nossa memória vai melhorar ou piorar? Com computadores de bolso cada vez mais potentes quem precisará saber fazer cálculos ou terá de memorizar qualquer informação histórica ou geográfica? Uma hipótese cada vez mais discutida é a de que possamos tornar a vida uma infância permanente. Uma infância até os 110 anos de idade. Crianças vivem num mundo pré-trabalho. Passaríamos nossos dias brincando. Em certo sentido parte considerável do tempo dos adultos das classes sociais menos sacrificadas ou mais aquinhoadas já é empregado em jogos. O adulto deprimido é aquele que não sabe ou não consegue brincar.

O lado otimista vê nisso uma libertação. O pessimista preocupa-se com uma infantilização total da vida. A contação de histórias é vista por alguns como uma das grandes profissões do futuro. Profissionais contarão histórias para idosos assim como pais contam histórias para seus filhos. O problema é que robôs poderão escrever e contar histórias melhor do que qualquer humano sem memória. Como será o futuro? Tudo indica que ele será tão inimaginável para o homem de hoje como o nosso presente foi para os nossos “antepassados” de 1970. Não é de duvidar que paradoxalmente, com ajuda da tecnologia, hordas humanas partam para outros planetas em busca de uma vida mais natural.

Penso no futuro e minhas janelas se abrem para o passado: saberemos sorver o perfume das lembranças? Penso no futuro e me escancaro paro presente: quanto tempo temos antes desse amanhã inquietante?

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