Racismo gaúcho contra o jogador Paulão

Racismo gaúcho contra o jogador Paulão

publicidade

O Rio Grande do Sul é um dos Estados mais racistas do Brasil.

Todo dia temos notícias de manifestações racistas em nosso Estado.

No futebol gaúcho, então, racismo é pão de cada dia.

Teve o caso de racismo contra o filho do jogador Zé Roberto, do Inter, que foi embora magoado.

Teve o caso de racismo, em Bento Gonçalves, contra o árbitro.

Teve o caso de racismo de torcedor do Grêmio, na Arena, contra o jogador colorado Paulão.

Teve o caso de racismo de torcedores gremistas contra o goleiro Aranha.

E agora vem à tona o caso de racismo de torcedores do Inter contra a mãe de Paulão.

Paulão deveria ter seguido o exemplo de Aranha e ido a uma delegacia de polícia registrar queixa.

Isso teria detonado uma investigação e, quem sabe, levado até a uma punição esportiva ao Inter.

O racismo contra a mãe de Paulão não absolve os gremistas.

Condena gremistas e colorados. Não todos. Mas os que fazem esse tipo de coisa.

Os clubes devem pagar por isso. É a única forma de conter seus torcedores.

Tem gremista vibrando com o racismo contra a mãe de Paulão. É como se o gremista dissesse: "Oba, somos todos iguais. Estamos todos absolvidos". Não. Estão todos no mesmo triste barco do preconceito e da barbárie.

Tem gremista querendo apenas ver o Inter não entrar na Libertadores.

Esse tipo de comportamento, de parte de colorados que queriam apenas ver o Grêmio fora da Copa do Brasil e de gremistas que apenas sonham em tirar o Inter da Libertadores, é uma forma de racismo dissimulado. O principal vira acessório. Quem se lixa para o racismo, colocando paixões esportivas em primeiro lugar, é conivente com o preconceito.

A CBF deveria investigar o acontecido com Paulão e punir o Internacional.

Paulão ainda tem tempo de exigir que isso aconteça.

Precisa formalizar a sua denúncia.

Se isso acontecer, alguns gremistas e alguns colorados se sentiram redimidos, igualados no racismo.

Se todo mundo é, pensariam, ninguém é.

Pior para o Rio Grande do Sul.

Continuamos a tapar o sol com a peneira.

Mesmo estando em Paris, não posso me calar. O racismo é um cancro. Deve ser combatido impiedosamente.

Quero insistir nesse ponto: deve-se condenar o Inter e quem injuriou a mãe de Paulo para combater o racismo, não para absolver o Grêmio e muito menos como manobra para produzir uma nova flauta bem ao gosto dos espíritos mais rasteiros e muitas vezes racistas: o Grêmio foi tirado da Copa do Brasil por racismo, o Inter da Libertadores...
Há torcedores com encéfalo esponjoso: só pensam em termos de como ferrar o inimigo.

Para esses, racismo é coisa sem importância.

Quem faz do racismo um instrumento para atingir outros fins é racista.

Esse é o inimigo.

 

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895