Saudades da querência

Saudades da querência

Manhã de um gaúcho ao crepúsculo

publicidade

Gauchada

 

Acordo cedito de madrugada

Abro a janela pra ver a geada

Visto alquebrado a bombacha

Não sei se a vida me acha

Só sei que o dia me chama

Só sei que a carcaça reclama

Cevo o mate com mão de borracho

Ponho o chapéu de barbicacho

Saio pro campo num zaino vistoso

E tudo está lá: campo e lagoa,

Mato e cachorro, um vento sedoso,

Léguas e léguas para se olhar

Anos passados para lembrar

A vida correndo num galope suave

O cabelo branqueando a cada oração

As rugas sulcando um pergaminho

Neste meu rosto de gaúcho sozinho

Nesta minha alma antes tão grave

Então eu me sento na cama e sorrio,

Ouço o minuano e também assobio

Sei que reponto uma tropilha de imaginação.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895