Supercopa: título salva semestre do River e deixa dúvidas no Boca

Supercopa: título salva semestre do River e deixa dúvidas no Boca

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River conquistou a Supercopa Argentina ao derrotar o Boca - Andres Larrovere / AFP / CP


O River Plate venceu o Boca Juniors por 2 a 0 na noite dessa quarta-feira e conquistou pela primeira vez o título da Supercopa Argentina. Os Millonarios se vingaram 42 anos depois da derrota no Campeonato Nacional de 1976 no que tinha sido até então a única final entre os dois maiores clubes argentinos. O título salva um semestre de campanha ruim do time de Núñez na Superliga Argentina e deixa muitas dúvidas no lado xeneize para a sequência da temporada, principalmente pensando na Libertadores.

A vitória do River Plate mostrou mais uma vez a capacidade do técnico Marcelo Gallardo de preparar o time para jogos decisivos. O treinador, que teve o contrato renovado por quatro temporadas no começo do ano, vinha sendo questionado por conta dos desempenhos fracos do time no Argentino. Antes da Supercopa, alguns jornalistas levantaram até a possibilidade de fim do ciclo de Gallardo no clube em caso de derrota para o Boca. Pois foi bem diferente o que ocorreu. Com o título, o treinador saiu fortalecido e jogou os questionamentos para o lado rival.

 

Sucesso nas apostas de Gallardo

Gallardo abriu mão de ter de Scocco como titular desde o início do Superclásico e escalou Rodrigo Mora como companheiro de Lucas Pratto no ataque. Na defesa, o treinador apostou na experiência da dupla de zaga Maidana e Pinola. No meio-campo, após muitos testes nas últimas semanas, Nacho Fernández e Enzo Pérez foram mantidos. As apostas se mostraram acertadas em campo.

Com um time experiente, o River soube controlar o Boca ao longo de todo o primeiro tempo. Ofensivamente, a entrada de Mora, mais participativo que Scocco, ajudou a dar liberdade e Gonzalo “Pity” Martínez, que mais uma vez foi destaque no Superclásico. Martínez acabou sendo decisivo nos dois gols. No primeiro, deu o passe para Nacho Fernández cavar o pênalti no lance com Cardona e executou a cobrança para abrir o placar. No segundo, fez a jogada no lance que terminou com Scocco, que tinha acabado de entrar, finalizando para decretar o 2 a 0 no melhor momento do Boca na partida.

Após o jogo, Marcelo Gallardo foi irônico em sua entrevista. O treinador disse que jogar mal na Superliga fazia parte da estratégia para surpreender o Boca e vencer o jogo mais importante do semestre. Ironias à parte, a verdade é que River Plate mostrou um futebol que ainda não tinha jogado em 2018 e ganhou alívio para o restante do semestre, que tem como principal missão garantir a classificação para as oitavas de final da Libertadores sem sustos. Na Superliga Argentina, o River tentará ao menos encaixar uma sequência de vitórias para deixar a parte de baixo da tabela. Para chegar à Libertadores de 2019 via Argentino, o clube tem de tirar uma diferença de 10 pontos do quinto lugar – atualmente ocupado pelo San Lorenzo - faltando nove rodadas, o que a essa altura parece pouco provável.

 

Derrota gera questionamentos no Boca

Se a vitória consolida o trabalho de Gallardo e mostra um caminho para o River, a derrota cria um ambiente de desconfiança no Boca. O título da Superliga parece praticamente garantido com a confortável vantagem de oito pontos para o vice-líder Talleres, mas as atuações que não empolgaram nas últimas rodadas passarão a ser mais questionadas a partir de agora. Schelotto deverá viver seu maior momento de pressão no clube.

Sempre ao falar dos problemas do Boca é bom lembrar que o time perdeu seus dois principais jogadores, Gago e Benedetto, por lesões graves no final do ano passado. Essa ressalva deve ser feita, mas também é verdade que Schelotto já teve tempo para encontrar uma outra forma de jogar. O técnico precisa achar soluções com outros atletas para não correr o risco de comprometer a Libertadores ainda na primeira fase. Sim, em um grupo difícil com Palmeiras e Junior Barranquilla como principais rivais o perigo de não classificação para as oitavas de final existe.

No Superclásico desta quarta-feira, Schelotto testou uma mudança de posicionamento na equipe. Tirou Pavón do lado direito e trouxe para o esquerdo. Com isso, o uruguaio Nández foi o responsável por ocupar o lado direito alternando o esquema do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1. Tudo isso para acomodar Cardona pelo centro, mais próximo do “centroavante” Tevez. Ou seja, o treinador escalou três jogadores fora de seus melhores posicionamentos para beneficiar o colombiano.

A resposta de Cardona foi um desastre. Além de uma discreta atuação ofensiva, ele teve um desempenho defensivo comprometedor nos dois gols do River. Foi Cardona quem cometeu o pênalti em Pity Martínez e depois perdeu para Nacho Fernández na corrida no contra-ataque do segundo gol, quando poderia ter feito uma falta ainda no meio-campo e matado a jogada.

Além disso, Pavón não conseguiu ser o mesmo jogador desequilibrante pelo lado esquerdo e Nández foi menos participativo atuando aberto. Tevez, mais uma vez, não rendeu bem como falso 9. O melhor momento do Boca, no começo do segundo tempo, ocorreu quando Carlitos passou a trabalhar fora da área. Foi aí que faltou a presença de um centroavante, que poderia ser Ábila, mas o ex-jogador de Cruzeiro e Huracán só entrou na partida após o 2 a 0. A demora para mexer no time, aliás, é outra crítica que pode ser feita a Schelotto. A entrada de Ábila no lugar de Franco Jara, que foi sua única troca, ocorreu quando Gallardo já tinha feito as três mudanças no River.

O Boca Juniors volta a campo no domingo para enfrentar o Atlético Tucumán pela Superliga Argentina. Nesta partida, o time não contará com os colombianos Fabra e Cardona, suspensos. Surge aí uma oportunidade para Schelotto testar alternativas, o que pode passar por uma mudança de esquema para acomodar Tevez ao lado de Ábila na frente.

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