Máximas cenas de uma poeta

Máximas cenas de uma poeta

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capa Cenas minimas

 

Poeta lança “Cenas mínimas – poemas” pela Libretos, nesta quinta, no Instituto Ling
Por Luiz Gonzaga Lopes

 

Há um tal paradoxo na vida e nas linhas que são traçadas a serviço do mais verdadeiro e mais artesanal gênero literário, a poesia. Por isso, posso dizer que o livro da poeta, professora e ensaísta Maria do Carmo Campos “Cenas mínimas – poemas” (Libretos), que será lançado neste dia 05 de maio (quinta-feira), às 19h, no Instituto Ling (Rua João Caetano, 440, bairro Três Figueiras em Porto Alegre) é composto de cenas máximas, que com o microscópio ou luneta da pena ou do teclado de Maria do Carmo, nos permite acessar a pequenos universos particulares e universais e nos encher de contentamento na recepção destes versos. O lançamento terá um bate-papo com o tradutor, poeta e escritor Pedro Gonzaga no auditório do Instituto Ling. Logo após, ocorre a sessão de autógrafos.

 

Eu já louvava o trabalho de Maria do Carmo Campos ao selecionar os textos de Guilhermino César para o suplemento que ora edito, o Caderno de Sábado. Em "Caderno de Sábado - Páginas Escolhidas", o textos do escritor, poeta e historiador mineiro, que lecionou na Ufrgs, faleceu em 1993 e foi um dos principais colaboradores do CS, são preciosidades que o garimpo preciso da pesquisadora (doutora em Letras pela USP e professora titular de Literatura Brasileira no Instituto de Letras da Ufrgs (onde lecionou por 26 anos) trouxe à baila pela Editora da UCS.
Este livro trabalha a existência, a finitude, o desejo e a identidade. A carga de humanidade e vivência está posta, como no poema "Às Dezesseis Horas", no qual a despedida do pai vira um sopro de vida tão eivada de magma humano, que é difícil não embargar a leitura e talvez a voz se lido em voz alta ou sussurrante:

 

"Naquela hora de guirlandas, te cobrimos de amor
com as mãos estendidas ao abraço
queríamos chegar ao afago
respirando ao ritmo
do teu último alento"...

 

Para a autora, os poemas nascem livres, são alheios ao seu destino. “A poesia está no ar. Ágil como um corisco, sabe abraçar os caminhos da lentidão. Seu tempo é outro. Sua casa está nas palavras, seus esconderijos, suas iluminações, sua história. Guardiã do idioma, a poesia é livre e está para todos. Nutre-se de raízes remotas que se eternizam, como a oralidade, os cantos, os mitos, não raro bafejados pela ironia moderna. Por isso, ao transcrever o olhar de um escriba, a poesia tende ao coletivo, fala da vida e da morte, daquilo que pode ser para muitos”, conclui Maria do Carmo em depoimento à assesora de imprensa da Libretos, Simone Lersch.

O preço do feijão pode não caber no poema para Ferreira Gullar, mas as experiências do cotidiano, as vivências e as viagens, os locais vividos e visitados, desde Atenas ao Douro que banha a portuguesa Porto, também fazem coro nesta récita silenciosa dos poemas de Maria do Carmo Campos, uma poeta que nos sacode e faz pensar sobre onde o poema nos leva, como nestes versos de "Ao Pé da Casa dos Contos":

"Cláudio Manuel deitado
dormindo profundamente
apela a Bandeira:
- afina a tua lira à vastidão dos morros
que te convoco
e lavrarás
ao pé das fogueiras acesas
a trilha eterna de uma vila rica
e viveremos, poetas manuéis..."


SERVIÇO
Obra: Cenas mínimas - poemas
Autora: Maria do Carmo Campos
Editora: Libretos
Páginas: 116
Preço: R$29,00
Lançamento:
Dia 05 de maio de 2016 (quinta-feira), às 19h. Bate-papo com Pedro Gonzaga, seguido de sessão de autógrafos.
Instituto Ling - Rua João Caetano, 440 – Três Figueiras.

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