Maria Dinorah revivida

Maria Dinorah revivida

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Maria Dinorah em foto do Acervo da Família Prado Foto do Acervo da Família Prado


Capa_Maria Dinorah_menor

Livro com textos, manuscritos, documentos, ilustrações e fotos que celebra a memória da autora gaúcha tem lançamento nesta sexta na Capital
A autora gaúcha de livros infantis por excelência, que dizia em tom lúdico ter 200 anos às crianças que tanto amava, que deixou uma obra consistente e que completaria 90 anos em 2015. Maria Dinorah e sua memória serão reverenciadas nesta sexta-feira, às 19h, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country (Av. Túlio de Rose, 80, Porto Alegre/RS), com o lançamento e sessão de autógrafos da antologia “Maria Dinorah Luz do Prado: Que falta que ela nos faz”, com participação da organizadora da obra Patrícia Pitta, estudiosa do espólio da autora, e os filhos da escritora, Luiz Carlos, Maria Luiza, Beto e Carmen.

 

A obra divide-se em quatro partes apresentadas pelos filhos da autora, responsáveis pela seleção dos textos e de materiais como manuscritos, fotografias do acervo familiar, poemas inéditos e versos livres. A obra é resultado de minuciosa pesquisa realizada por Patrícia Pitta. Mestre e doutora em Teoria da Literatura pela PUCRS, a pesquisadora contou com o apoio do CNPq, através da concessão da bolsa de pesquisa PDJ, por ocasião de seu pós-doutoramento em Letras. Patrícia valeu-se de documentos do Acervo Maria Dinorah, situado no DELFOS – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS, e de materiais do acervo da família, em parceria com os herdeiros dos escritos de Maria Dinorah. O resultado são 168 páginas de materiais organizados de acordo com a memória dos filhos da autora. O envolvimento da família na publicação faz com que a obra seja carregada de uma afetividade dificilmente presente em pesquisas acadêmicas do gênero.

 

TRIBUTO À VIDA E OBRA DA AUTORA

Uma das primeiras escritoras a pensar a literatura para crianças e adolescentes no Rio Grande do Sul, Maria Dinorah fez parte da formação de várias gerações de pequenos leitores de todo o Brasil. A autora, que também era colunista de jornal, contadora de histórias e professora por formação, dedicava-se tanto à criação artística quanto à aproximação dos autores aos leitores e às escolas. Qualquer atividade à qual se dedicasse, era exercida sempre com o amor e a delicadeza que o universo infantil exige. Por isso, o impacto de seu trabalho transcende as décadas e encontra neste livro uma nova forma de aproximar-se de estudiosos e leitores — mérito do pioneirismo da autora. "Maria Dinorah foi uma pioneira da literatura. Aqueles que vivenciam o mundo literário, principalmente o pensado para a criança no Rio Grande do Sul, são seus devedores. Os esforços da escritora gaúcha pela propagação da obra voltada ao público infantil legaram uma condição de proximidade entre escritor e leitor que permite um maior alcance do texto literário sobre contexto sociocultural. Há, portanto, que se reverenciar sua figura, e a organização de uma obra com seus registros, rascunhos, poemas, aforismos, enfim, suas marcas, foi a forma encontrada para prestar um tributo à memória daquela que redesenhou significativamente o cenário cultural sul-rio-grandense", afirma a pesquisadora Patrícia Pitta.

Professora por formação, contadora de histórias, ativista cultural, colunista de jornais e escritora, Maria Dinorah Luz do Prado foi uma das primeiras figuras a pensar a literatura infantil e infanto-juvenil no Rio Grande do Sul. Nascida em Porto Alegre, em 13 de maio de 1925, filha de Antônio Luz e Adylles Dinorah Britto Luz, aos três anos de idade, muda-se para Colônia de São Pedro, próxima a Torres. Em 1931, a família se estabelece na cidade de Torres, onde ela passa sua juventude, voltando à região metropolitana apenas em 1938, agora na cidade de Gravataí. Casa-se com Luiz Bastos do Prado em 1944 e com ele tem seus quatro filhos. Fica viúva em 1964 e se estabelece em Porto Alegre em 1966. Alfabetizadora logo no início de sua vida profissional, graduou-se em Letras pela Faculdade Porto-Alegrense de Filosofia, Ciências e Letras em 1973. Trabalhou como professora de Português e alfabetizadora de 1965 até 1989, na Escola Diogo de Souza, em Porto Alegre, e na Escola Agrícola de Cachoeirinha. Mestre em Letras pela UFRGS em 1978, publicou mais de cem livros entre 1944 e o final dos anos 90, maior parte composta por poemas e literatura para crianças e adolescentes.

Sua produção está situada entre as publicações de literatura infantil de maior êxito junto ao público escolar e Dinorah foi a autora gaúcha mais produtiva e mais lida nesta área. Seu trabalho, rico em lirismo e delicadeza, foi reconhecido por nomes como Erico Verissimo, Carlos Nejar, Luiz Antonio de Assis Brasil, Mario Quintana, Antônio Hohlfeldt, Carlos Drummond de Andrade e Caio Fernando Abreu. Ao longo dos 50 anos de carreira, colecionou prêmios e distinções, como o Jabuti em 1992 e o patronato da Feira do Livro de Porto Alegre em 1989 (primeira vez destinado a uma mulher), além do reconhecimento pela Fundação Nacional Livro Infantil e Juvenil, Feira do Livro de Bolonha, na Itália, e Instituto Jean Piaget, em Lisboa. O espólio relativo à vida literária de Maria Dinorah foi doado à Biblioteca Central Irmão José Otão, em 2009 e hoje se encontra no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS. Entre seus principais títulos, estão: “Pinto verde e outras histórias” (1973), “O macaco preguiçoso e outras histórias” (1975), “O cata-vento” (1980), “Barco de sucata” (1986), “Panela no fogo, barriga vazia” (1986), “O ontem do amanhã” (1988), “Guardados de afeto” (1990) e “Um pai para Vinícius” (1995). Maria Dinorah faleceu em 15 de dezembro de 2007, em Porto Alegre, em virtude de complicações respiratórias. Em 2015, completaria 90 anos.

 

SERVIÇO

O QUE: Sessão de autógrafos do livro “Maria Dinorah Luz do Prado: Que falta que ela nos faz”, organizado por Patrícia Pitta.
QUANDO: 18 de dezembro, a partir das 19h.
ONDE: Livraria Cultura – Shopping Bourbon Country (Av. Tulio de Rose, 80, Porto Alegre/RS)

FICHA TÉCNICA:

“Maria Dinorah Luz do Prado: Que falta que ela nos faz”
Organização: Patrícia Pitta
Editora: Arte em Livros
Páginas: 168 p.
Tamanho: 23 cm X 20,5 cm.
Preço: R$ 89,00

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