Para reviver Elis

Para reviver Elis

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Biografia da cantora, escrita por Arthur de Faria, tem lançamento nesta terça-feira, em Porto Alegre

 

Por Luiz Gonzaga Lopes

 

Quem conhece o jornalista, pesquisador, músico, compositor e arranjador Arthur de Faria sabe que ele não descansa ou pelo menos não para de pesquisar e escrever a História da Música Popular de Porto Alegre, desde que tomou esta decisão de aprofundar. Lá se vai um tempo que passa dos 20 anos. Antes de escrever este livro em fascículos, Arthur como jornalista, músico e "elisófilo", levou três décadas para pesquisar e escrever estas 272 páginas de “Elis: uma biografia musical”, livro editado pela Arquipélago, que terá lançamento nesta terça-feira, dia 6 de outubro, às 19h, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country (Túlio de Rose, 80, 2º andar). A atividade terá autógrafos e debate de Arthur com Maria Luiza Kfouri e Juarez Fonseca. Com este tom de bate-papo que é peculiar na sua escrita, Arthur direciona os holofotes para momentos já conhecidos da Pimentinha e outros nem tanto. Alguns detalhes foram  retratados em entrevistas que ela deu a outros jornalistas como é o caso da frase que Tom Jobim teria dito que para vetá-la no papel-título do disco que a CBS preparava em 1964 com as canções do musical "Pobre Menina Rica", escritor por Vinicius de Moraes e Carlinhos Lyra. "Esta gaúcha é muito caipira. Ainda está cheirando a churrasco". Elis guardou esta suposição durante 12 anos até que em 1976 esclareceu com Tom que negou e ainda arrematou: "Você é louca! Fica 12 anos com a mágoa guardada", lembrando que nem fez o disco.

 

São muitas as histórias retratadas por Arthur a maioria que envolvem a música, pois daquelas histórias de fotonovela (vida pessoal, barras, brigas) alguns outros livros já se encarregaram no passado, o mais recente é "Nada Será como Antes", do jornalista Julio Maria. Uma das histórias contada por Arthur de Faria é a da serenata feita pelos amigos de Elis Regina na noite anterior ao dia que ela e o pai, seu Romeu, iriam para o Rio de Janeiro tentar a sorte na música, no final de março de 1964. Passava da meia-noite quando a luz do quarto de Elis se apagou, no apartamento do IAPI, em Porto Alegre. Os seresteiros já estavam há mais de uma hora perto de sua janela e temiam uma batida policial. Eram eles boa parte dos compositores que Elis havia gravado até então, como Túlio Piva, Sérgio Napp, Mutinho, Luiz Mauro  e Glênio Reis, este um dos mais insistiu para que ela saísse de Porto Alegre e fosse ganhar o público do centro do país. Eles cantaram e Glénio fez o discurso de dedicatória para o choro e soluços de Elis e dos próprios autores da serenata. Depois, eles comeram sanduíches e tomaram Coca-Cola sabendo que o Rio acolheria Elis.

 

O que mais aparece no livro é a Elis que tinha ouvido absoluto, o de músico, uma instrumentista que nunca tocou instrumento, mas que tinha faro para lançar compositores. Transparece também a admiração de quem dividiu o palco com ela. Arthur consegue dividir com o leitor alguns dos motivos de por que, mais de 30 anos após a sua morte, Elis continue a ser objeto de culto e veneração ou como diz Maria Luiz Kfouri na apresentação do livro:  "Há muitas razões que explicam o fato de que - mais de 30 anos depois de sua morte - Elis, ao contrário de ter sido esquecida, continue a ser cultuada e, como diz Fernanda Montenegro, "cante cada vez melhor". Como um joalheiro que sabe muito bem a preciosidade que tem em suas mãos, Arthur de Faria não só explica cada uma dessas razões como dá a Elis Regina a biografia musical que ela há muito merecia".

 

 

SERVIÇO

LIVRO: "ELIS, UMA BIOGRAFIA MUSICAL"

AUTOR: Arthur de Faria

EDITORA: Arquipélago

O QUÊ: Autógrafos com Arthur de Faria e debate com a presença de Maria Luiza Kfouri e Juarez Fonseca

QUANDO: 6 de outubro (terça-feira), às 19h

ONDE: Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country (Av. Túlio de Rose, 80, 2º andar)

QUANTO: R$ 45,00

 

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