Um crime sem castigo

Um crime sem castigo

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Tailor Diniz lança nesta quarta seu novo romance policial, "Mistério no Centro Histórico, com a sincrônica dupla Walter Jacquet e Joãozinho Macedônio



Luiz Gonzaga Lopes



Dizem que todos os bons detetives de romance policial acabam conquistando a simpatia e a confiança dos leitores nos seus métodos indutivos-dedutivos apresentados ao longo de uma ou duas dúzias de livros nos quais eles são os responsáveis pela ação, mesmo que apenas interna ou sináptica até que um crime quase insolúvel vire um objeto decifrável. Walter Jacquet, gaúcho do Alegrete, mas radicado nos Estados Unidos, está neste rol de personagens queridos pelos leitores e que torcem para que ele sempre volte e solucione algum crime ou enigma. O detetive criado pelo escritor gaúcho de Júlio de Castilhos, Tailor Diniz, está de volta. Uma de suas últimas peripécias foi o "Crime na Feira do Livro" (Dublinense), publicado inicialmente em forma de folhetim pelo Correio do Povo sob o título de "Quem Matou Adavilson?" e que posteriormente ganhou um romance policial com um pouco mais de fôlego. Jacquet ou Waltão, como também é conhecido, desembarcou novamente em Porto Alegre e reencontrou um dos seus melhores amigos, o bon vivant Joãozinho Macedônio, também do Alegrete. Macedônio agora é um aspirante a escritor e participante de oficinas literárias. Talvez a inspiração esteja neste nome de autor-mito entre os portenhos, pai intelectual de Borges, Macedonio Fernandez, ou simplesmente pela convivência estrita com Jacquet e a sua resolução de casos com a maestria de um Holmes, Maigret ou Dupin.

 

Tailor Diniz lança "Mistério no Centro Histórico" (Dublinense) nesta quarta-feira, 19h30min, na Livraria Cultura do Bourbon Country (Tulio de Rose, 80, 2º andar). A sua 16ª obra começa com a chegada de Jacquet de uma cansativa viagem desde os Estados Unidos. Ele fica na casa de Macedônio e entre charutos e doses de uísque, ainda arranja um tempo para uma rodada de avaliação da novela produzida por Macedônio, que começou como um exercício de oficina literária e que é baseada no caso real da recente explosão no Centro Histórico da Capital uma bomba atribuída a terroristas árabes. Instigado pelas falhas da história, Jacquet resolve utilizar literatura para reconstituir a investigação que envolve terroristas da fronteira, policiais e gente da política gaúcha. A reviravolta dos livros policiais está garantida.

 

Os originais de Macedônio aguçam os sentidos de Jacquet, que também tem o paladar e o olfato invadidos pelo espinhaço de ovelha feito por Inácia, a empregada da família de Joãozinho na fronteira, é que acaba sendo uma personagem peculiar e muito interessantes, tal qual as governantas de romances policiais ingleses. Após a leitura do original quase finalizado, Jacquet segue no encalço de pistas e suspeitos, utilizando seu próprio método, causando o medo de Joãozinho, pois há peixes grandes envolvidos. Aliás, Abnício Colenda (ainda não perguntei a Tailor de onde ele tirou este nome), o secretário estadual de Vigilância e Proteção à Cidadania, é um daqueles personagens que podem ser vistos na vida real. O secretário eminentemente político e muito pouco técnico que tem aspirações de ser senador. Esclarecer este crime, que inicialmente responsabiliza um homem de origem árabe que mora no Chuí e estava em Porto Alegre no dia que ligaram para um dos jornais da cidade dizendo que um bomba ia explodir no Centro Histórico de Porto Alegre (Mohamed Farid também fez uma ligação de orelhão no mesmo dia). Tailor Diniz tem uma prosa que escorre pelo nosso tempo de leitor, tal uma cachoeira, não nos permitindo abandonar as suas páginas. Alguns chamam isto de page turner (palavras inglesas também dão pompa à literatura).

 

Bom, só posso dizer que estamos diante de um livro que precisa ser lido, de um escritor veterano e que varia as técnicas do romance policial para fazer um livro com leitura prazerosa e que pode ser lido numa sentada (pode ser aquela mesma sentada do trem de Boston a Nova York de Edgar Allan Poe, descrita no célebre texto "A Filosofia da Composição", uma das primeiras grandes teorias do conto. Eu já estava quase acabando este texto e não expliquei porque batizei esta resenha de "Um crime sem castigo". E realmente não posso explicar, pois no meu título da resenha, que brinca com o clássico do russo Fiodor Dostoiévski, está o segredo de uma das reviravoltas finais do livro. Viva o crime na ficção e palmas para a prosa de Tailor Diniz. Que venham mais peripécias de Walter Jacquet. Mais informações sobre o livro, sobre Tailor e sobre a editora estão no site www.dublinense.com.br.

 

SERVIÇO

LANÇAMENTO DE MISTÉRIO NO CENTRO HISTÓRICO, com sessão de autógrafos de Tailor Diniz.

Data e horário: 27 de abril de 2016 (quarta-feira), a partir das 19h30min

Local: Livraria Cultura – Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, nº 80 – Porto Alegre – RS).

Preço: R$ 36,90 (exemplar) / Romance policial / Formato: 14 x 21 cm / 160 páginas.

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