A Fantasia do Casamento

A Fantasia do Casamento

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Marcaram entrevista com o padre. Queriam casar. Mas com uma condição: entrariam fantasiados, igual viram na TV.

- Mas, filhos... Logo de Dinheiro Público e Propina?

- Aham. Nada vai nos separar.

- A gente pensou também, padre, em ele entrar de político e eu de corrupção. Ou ele de estádio da Copa e eu de empreiteira.

- Estádio? Não era de obra de mobilidade urbana, amor?

- Estádio. Fica mais bonito. E ó, quero aquele do pantanal.

- Minha oncinha!

- Graurrr.

- Calma, calma, meus filhos! Não posso permitir uma coisa dessas. Isso aqui ainda é uma igreja. Tão pensando que casamento é carnaval?

- Padre! Se a gente quiser, entra de Shrek e Fiona, Barbie e Ken, Oswaldir e Carlos Magrão, tá? É o nosso casamento.

- E eu quero entrar vestida de propina e ponto final. Meu sonho. Vestido nada transparente, cauda que não acaba mais e, quanto mais entra, mais desaparece. Ninguém alcança, ninguém vê, todo mundo acha que tá tudo decente mas, por baixo dos panos, os amigos mais chegados do meu marido conhecem a coisa toda. Muito louco, né?

- Pai do céu! Que horror!

- Depois do anúncio e da foto, dinheiro público some. Negócio fica tenso. Mas a propina, só a propina, sabe onde onde ele foi parar. Entendeu a brincadeira?

- Mais ou menos.

- Pra completar o cenário, uma faixa, na frente da igreja: “o que é de certos homens, o povo não come”.

- Deus meu! Que absurdo! Sem chances, não vou permitir.

- Mas Padre. A gente viu na TV e...

- Não! Aqui, a Igreja tem regras. Vocês vão ao CTG e dançam rap? Ao restaurante e tomam banho na frente de todo mundo? Querem algo diferente? Tudo bem, mas casem noutro lugar. Só preciso lembrar vocês dois de que casamento é algo sério, muito sério. Não é fantasia!

Os dois caíram na gargalhada.

- Que foi?!

- Ah, padre. O senhor definitivamente tá purfa, não sabe como anda o mundo hoje. Casamento é que é a fantasia, padre! Casamento que é a maior fantasia!

 

 

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