Anos Políticos
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Repórter consegue entrevista inédita com um CC – Cara Chegado - de determinado político.
- Por que nada será feito agora?
- Olha. Estamos deveras preocupados com a situação. Sabemos da sua suma importância, etc. Está dentro das nossas prioridades. Mas é ano político, não dá.
- Opa. Mas o ano político é só no ano que vem.
- Poisé.
- Não entendi.
- Justamente. Neste ano tudo fica complicado, já que o ano que vem é ano político. Sabe como é, tranca tudo.
- Hein?
- É o seguinte. Não dá pra ter pressa. Vai que não dá nada certo, queima o filme, prejuízo na mídia, aquela coisa toda. Estrategicamente, não é hora de arriscar. Fica fréu.
- Fazer o que tem que ser feito é arriscar?
- Olha. Já se esperou até agora, né? Não custa esperar mais um pouquinho.
- Até quando?
- Até passar essa coisa de ano político. Aí a gente bota tudo em dia.
- Sei. Só daqui a dois anos, talvez. Mas, e no ano passado? Por que não foi feito?
- O ano passado já passou. Temos é que olhar pra frente.
- E?
- Também era muito cedo. Estávamos tomando pé da situação. E, de mais a mais, era ano político.
- Ano político? Também?
- No estado, ué. No país. Na galáxia!
- Ah. Ou seja, em quais anos, mesmo, pode se fazer algo pelo povo?
- O senhor está fazendo insinuações descabidas. Mais algumas pergunta?
- Só mais uma.
- Por favor, então. Temos muito trabalho pela frente, hoje.
- Imagino. Mas é pergunta de português.
- Pergunta ou piada?
- Pergunta. E simples. Esses “anos políticos”, que o senhor citou. Tem certeza que se escrevem com “o”?