Oscar Bessi

Caron: o homem da Segurança

Quem vive o cotidiano das forças policiais — e sente o pulso das ruas — percebeu, com o Delegado Caron no comando da Segurança, que havia ali um norte, um plano, e sobretudo, credibilidade. Típico de quem veio de dentro da própria engrenagem da segurança pública, com a bagagem de quem conhece os trâmites, os caminhos, as burocracias e o peso de uma decisão em campo, muitas vezes tomada em menos de um segundo. Conhecer a lida. Isto faz diferença.


Quando o Delegado Sandro Caron anunciou que vai deixar o comando da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, muitos policiais ficaram surpresos. Ainda que, neste ofício, a gente saiba que as coisas são efêmeras e as lideranças passageiras. Mas conversei com alguns amigos quando soube da notícia e eles, que estavam acostumados com o pique, a entrega e a empolgação do Secretário à frente de uma das pastas mais difíceis deste país, seja qual for o estado da federação, me manifestaram até alguma apreensão. Não será fácil para o governador encontrar um substituto. O nome – e há nomes, claro, muito bem cotados e muito capacitados – precisa ter a força e a representatividade de quem vai herdar um legado e uma responsabilidade gigantesca.

O momento mais difícil para as forças de segurança do nosso estado foi, com certeza, a catástrofe vivia em maio do ano passado. Sob a batuta do Delegado Caron, as corporações, mesmo com um número significativo dos seus integrantes passando pelos mesmos graves problemas de morte, perdas e destruição, foram determinantes não apenas para o salvamento de milhares de vidas, mas pelo enfrentamento ao vandalismo e pela entrega e engajamento total nos atos diversos de solidariedade. O Secretário de Segurança esteve lá, em todos os momentos, no front daquela guerra travada por uma natureza revoltada e, precisamos admitir, cansada de ser violada, e talvez por isso em inédito descontrole.

Quem vive o cotidiano das forças policiais — e sente o pulso das ruas — percebeu, com o Delegado Caron no comando da Segurança, que havia ali um norte, um plano, e sobretudo, credibilidade. Típico de quem veio de dentro da própria engrenagem da segurança pública, com a bagagem de quem conhece os trâmites, os caminhos, as burocracias e o peso de uma decisão em campo, muitas vezes tomada em menos de um segundo. Conhecer a lida. Isto faz diferença. Ele não falava sobre polícia; falava com policiais. Algo que pode parecer óbvio, mas, para quem veste farda ou conduz investigações, muda tudo. Pois não é tão comum assim.

Quem está nas ruas sabe que confiança não se impõe por decreto. Ela se conquista. E Caron conquistou pela escuta, pela presença, pelo conhecimento e pela capacidade de unir forças. Em tempos de redes sociais inflamadas e discursos fáceis, ele optou pelo difícil caminho da gestão séria e eficiente, doa a quem doer, e sempre pautada por resultados. Os índices históricos de crimes em queda, os recordes de mês mais seguro da história e os resultados apresentados todos os dias pelos policiais à comunidade gaúcha falam por si. Uma sensação de ausência do medo inédita e na contramão do país. Missão cumprida, que o Delegado Caron tenha pleno sucesso em seus novos desafios – terá, sabemos disso, eu nome já deve constar nos dicionários como sinônimo de segurança. E que o seu substituto tenha este mesmo conhecimento do front para seguir com bons resultados. E que saiba, acima de tudo, como motivar este grande grupo de seres humanos idealistas, que são os servidores da segurança pública. Sem eles, nenhum gestor tem sucesso.

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