Guerra e paz

Guerra e paz

Oscar Bessi

publicidade

Li, tempos atrás, que “guerra é o que acontece quando a linguagem falha”. A frase, fui pesquisar, é atribuída à escritora canadense Margaret Atwood, autora de romances como o premiado “O assassino cego”. Relendo Margaret, penso que o hoje presidente “herói da resistência”, Volodymyr Zelensky, teve muito tempo para tentar conversar, antes que sua Ucrânia fosse invadida pelos russos. Estes, por uma armadilha do destino, são liderados novamente por um déspota, pois Putin não fica muito longe de Stalin ou de Ivã, o Terrível. Pobres russos. Não queriam a guerra. Preferiam conversar. Os ucranianos não queriam fugir. Queriam conversar. Mas enquanto Zelensky estava mais preocupado em abafar acusações de desonestidade, Putin calculava os lucros de uma possível guerra. Agora, depois de tantas mortes de inocentes, incluindo a barbárie de assassinar crianças, querem tentar conversar. Ou dizem que querem.


Mas o assunto guerra é por conta do que ocorre em Porto Alegre. Bandidos em desavença estão acertando as contas e levando ao extremo sua rivalidade. No entanto, as forças de segurança do Estado, representando seu povo, não cruzam os braços. A Brigada Militar está em peso nas ruas para que esse conflito não respingue em quem não deve. A Polícia Civil investiga com velocidade ímpar os confrontos. E isto é força. Meia dúzia de traficantes querendo impor terror? Bravata. Aqui, eles não dominam território nenhum. No Rio Grande do Sul, a banda toca outra música. A população não pode se deixar impressionar e recuar. Não. Os espaços são dos cidadãos de bem. Da maioria esmagadora que mora nesta cidade. E que continua indo e voltando do trabalho, estudando, curtindo a vida que, quase nem acreditamos, finalmente está voltando ao normal. Crimes? Criminosos? Sim, existem, sempre existirão. Aqui ou em Londres. A grande questão é o que fazemos com eles.


Agora, a população pode fazer a sua parte. A paz não cai do céu. Tudo é atitude. Guerras só existem por conta do dinheiro, já dizia Sócrates. Então, que tal se, pelo menos por enquanto, em uma pequena tomada de consciência, pelo bem de todos e até dos seus entes queridos, essa parte da população da nossa querida Capital que costuma dar grana para essa gente, parasse com isso? Parasse de comprar drogas? Parasse de alimentar o tráfico de entorpecentes com quantias exorbitantes, todos os dias, pois é só deste lucro que eles, os criminosos, tiram tantas armas e munições para sair matando por aí. Que tal se eu comprar só produto com procedência comprovada e legalizada? Que tal cada um, lá no íntimo da sua vida, deixar de se achar malandro, ou esperto, ou da moda, e quebrar esse circuito? Sem grana, eles não têm como bancar o terror. Vamos pensar nisso. Precisamos participar de várias formas. Cobrar da Polícia e das leis mal feitas, sim. Mas, principalmente, mudar de atitude. E deixar de bancar a bala que matou mais um.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895