Heróis versus racistas

Heróis versus racistas

Oscar Bessi

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Demência. Estupidez. Covardia. Fora outros adjetivos muito cabíveis, mas que prefiro guardar no âmago das minhas opiniões sinceras (por serem talvez até impublicáveis), aquelas que todos temos e nem sempre interessam aos outros. É só o que me remete à violência verbal dos áudios que vazaram nas redes sociais, esta semana, de um homem se referindo a uma integrante da Brigada Militar com ódio e proferindo expressões de cunho racista. O homem estava enfurecido apenas por ter sido fiscalizado em uma suposta barreira de trânsito. Essa é a razão do seu  ódio. Essa é a razão do seu descontrole, dos palavrões, das ofensas racistas e extremamente baixas. É tanta barbaridade que quase dá para acreditar que nem é verdade, que é uma montagem, tamanha a agressividade do que foi dito.

O que se conclui, de áudios tão asquerosos, é, primeiro, que se trata de um indivíduo intolerante, racista, sem ética ou escrúpulo. Um homem capaz de matar. Um criminoso em potencial. Um perigo à sociedade. Outra conclusão é que, no fundo, não passa de um mimado, que não suporta ser fiscalizado como um cidadão comum, que não admite que a lei é para todos, a despeito do seu possível esclarecimento, já que o seu jeito de falar demonstra que não é nenhum analfabeto. Apenas odeia afrodescendentes. E odeia a Brigada Militar. Geralmente, quem odeia a polícia é bandido. Ou sujeito que se acha acima da lei. Estas pessoas em regra, querem dirigir sem CNH, querem dirigir em alta velocidade, querem dirigir bêbados ou drogados, querem atropelar e fugir sem prestar socorro, essas coisas. Os fãs da impunidade brasileira. Caras que acham que podem comprar tudo e todos. E enlouquecem quando topam com policiais que apenas cumprem o seu dever, com a ética que não foi ensinada no berço desses sujeitos asquerosos, os verdadeiros tranca-ruas do país. E convenhamos: fácil mentir para alguém que disse tudo isso para uma policial. Duvido. Covardes sempre são mentirosos. Até para fugir da punição que diziam desdenhar. Garanto que ficou bem quietinho, na frente da policial militar.

Mas prefiro falar de heróis, não de bandidos. E esta coluna seria toda deles, não fosse essa violência tão bizarra, que despertou indignação em todos. Então quero apenas dizer, nas linhas que sobraram, que todos nós, seres normais, apreciadores da cidadania e dos gestos realmente humanos, louvamos como herói e reverenciamos o soldado Timm, da Brigada Militar de Canoas, que parou no hospital após salvar a vida de um idoso que caiu num fétido e imundo valão. Sua história foi contada com detalhes aqui no Correio do Povo, podem procurar no portal. Esse sim é um brasileiro que nos orgulha. Como os PMs de São Leopoldo que salvaram bebês por esses dias. Essa é a Brigada Militar, cujos integrantes todos os dias se arriscam salvando vidas. E que são humanos, normais, e um ou outro comete erros, faz parte. Nada que anule os milhares de acertos diários que estendem a mão ao povo gaúcho, sem olhar a cor da pele, credo, ocupação ou classe social. Nada que as ofensas de um louco recalcado, movido por ódio, mentiras e preconceito, possa abalar.


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