Justiça pelo Xavante
Time foi injustiçado em campeonatos passados. Desta vez, com certeza vai ir em frente
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Não negue, o futebol mexe com o emocional da nossa gente. É amor, é dor, lágrimas, euforia, festa e (infelizmente) até violência, volta e meia. Desconfio do brasileiro que me diz, com veemência, não gostar de futebol. Pode até ser gosto, e gosto cada um tem o seu. Mas quando é bobice ideológica, rechaço. Eu mesmo, que amo um bom livro, e até sou chato para catar literatura de alguma qualidade nas livrarias, não abro mão mesmo é de ler duas coisas na vida: os gibis do Tex e a coluna do Hiltor Mombach, todo dia, aqui no Correio do Povo. E no blog. Degusto, interajo e vibro!
Xavante que sou desde criança, esta semana vibrei foi com a Operação Marcola, do Ministério Público do RS. Com cerca de 80 agentes e policiais militares do 5º Batalhão de Choque da Brigada Militar, além do Gaeco mineiro, o MP cumpriu dez mandados de busca em Pelotas e em Contagem (MG) atrás de provas contra uma associação criminosa que lesou gravemente o meu Xavante. Está mais do que na hora de se fazer justiça, ao pé da letra, para o Grêmio Esportivo Brasil. Pode parecer um pesadelo, mas é um sonho, acreditem. Todo xavante quer saber o que aconteceu. Quer recomeço com dignidade. E ter certeza de que o seu sangue e a sua raça não vibram em vão.
O Brasil tem uma torcida gigante. Quem duvida, espie a página da Nota Fiscal Gaúcha: só perdemos em participantes para a dupla grenal. Somos uma das torcidas mais apaixonadas do país. Merecíamos grandes momentos. E eles aconteceram. Em 1985, fomos às semifinais do brasileirão, derrubando gigantes e ficando no que hoje é o tão cobiçado G4 da Libertadores. Pois no ano seguinte, 1986, simplesmente não nos tiraram do campeonato nacional? Em 2009, um time promissor viveu aquela tragédia que levou Millar, Régis e Giovani. Ajuda, consideração? Até por ali: o regulamento dizia que se o time não disputasse o restante do campeonato, seria punido e rebaixado diretamente à terceira divisão. O Xavante, obviamente remontado às pressas e jogando dia sim e dia também, caiu para a segundona. Episódios de injustiça compensados com novos feitos históricos como o que levou o time da segundona gaúcha à série B do brasileiro, na década passada.
Porém, qualquer heroísmo se apaga quando uns e outros decidem se locupletar com verbas que seriam para o esporte, e para o coletivo, nunca para si. O sonho do torcedor virou pesadelos em série. Mas, após três rebaixamentos nacionais seguidos, o DNA Xavante volta a falar mais alto. Minha mulher brinca que todo ano eu tenho esperança e digo “agora vai”, e a coisa desanda. Pois agora vai, vai sim! A vontade da atual diretoria de apurar o ocorrido e limpar o nome do clube nos faz respirar esperanças de novos tempos vitoriosos. O presidente Russomano é torcedor, colecionador, figura com história e família rubro-negra. Os meus amigos que o conhecem garantem sua seriedade. Nosso interior gaúcho merece, olha o Juventude, que exemplo bacana! Marcola, ou Argemiro Severo Gonçalves, torcedor símbolo do Xavante que deu nome à operação do MP, se vivo estaria orgulhoso. Ainda mais que, no dia desta operação, o time brilhou com uma vitória de goleada em campo. Que seja sempre assim: goleada da justiça na desonestidade.