O FBI gaudério

O FBI gaudério

Oscar Bessi

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á muito que leitores têm grande curiosidade sobre como funciona o serviço de inteligência da Brigada Militar. Alguns imaginam agentes secretos estilo James Bond, infiltrados por aí, pesquisando as artimanhas do crime organizado. Outros reerguem bandeiras vencidas, de um passado onde a união não era uma premissa entre as forças de segurança, então valia mais a pena gastar energia questionando o outro do que fazendo por si, ou unindo esforços, como se faz hoje. É óbvio que não posso responder esses questionamentos. A primeira razão é por estar desatualizado. A inteligência policial é uma ciência em constante evolução, que precisa ser estudada por seus coordenadores e integrantes de forma ininterrupta. É uma função que não permite desatualização. E eu trabalhei neste campo na primeira década do milênio, em Alvorada. Mal existia celular. Hoje, a tecnologia ajuda a Polícia tanto quanto ajuda o crime. O outro motivo é óbvio: contar vantagem sobre como desarticulou uma quadrilha, ou querer aparecer demais, é de uma ingenuidade tal que só policiais sem muita noção do seu dever cometem.


Mas, volta e meia, a notícia de uma grande ação policial dá conta de que houve a participação da agência regional, ou local, de inteligência da BM. É uma de suas tantas atribuições. Não há como se fazer segurança pública sem contar com a inteligência policial. É ela que reunirá, condensará e estudará todos os dados da violência e da criminalidade, bem como fatores políticos, sociais, econômicos ou outros que possam afetar a normalidade da cidadania. O serviço de inteligência da BM reúne e estuda dados, ocorrências, acontecimentos, comportamentos. E oferece a análise para que os gestores, comandantes de unidades possam planejar seu policiamento ostensivo de forma efetivamente preventiva. Ou até repressiva, se necessário. A inteligência policial antecipa fatos e possibilidades. Abastece a linha de frente com dados sobre tudo que pode encontrar a cada passo dado no patrulhamento das comunidades. Características, locais de risco, onde há maior necessidade de presença policial efetiva e por aí vai. Então, volta e meia, com fulcro na prevenção de males maiores, oferece os estudos aos colegas do policiamento ostensivo como o meio-campista que dá o passe açucarado para o atacante fazer o gol.


E os policiais que fazem parte deste nosso “FBI gaudério”? Não, não é qualquer um. Há valores morais, currículos, fichas funcionais que precisam ser avaliadas. Além do curso de formação, de atualização – periódicos e específicos – e do acompanhamento rigoroso do comando. Mas qualquer integrante da Brigada pode fazer parte? Claro. Mas terá que, além de contar com o casamento da necessidade pública com o seu interesse em fazer parte deste quadro, saber que haverá avaliação rigorosa do comando. Com a participação dos agentes de inteligência, milhares de crimes são evitados todos os dias, seja pela presença do policial militar no local adequado, seja pela ação do policiamento que flagra, graças ao trabalho de informação, as bases da criminalidade que incomodam nossas famílias. 


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