Que droga, essa droga!

Que droga, essa droga!

publicidade

 

Ainda me espanto quando aparecem algumas figuras conhecidas, políticos ou artistas, defendo o uso de drogas. A convicção é tocante.

- Tem que liberar!

- O senhor usa?

- Capaz! Nunca! Tá pensando o quê?

- Ué, mas se...

- Nada a ver. Mas tem que liberar. O homem precisa disso, a liberdade de escolha, decidir o que é bom pra si.

- E é bom pra ti, usar drogas?

- O senhor não está me entendendo. Não quero defender. Só não quero proibir.

- Proibir a proibição é permitir. Ou seja, defender.

- Não. Proibir que se proíba é apenas não permitir que se permita uma proibição mais rigorosa. Ou proibitiva.

- Hein?

- Liberdade, sacou? Ir e vir. E viajar.

- Eu que viajei, agora. Não seria esta a permissão para uma viagem de ida sem volta?

- Ah. Aí precisamos políticas públicas fortes para afastar os jovens do uso de drogas.

- Políticas públicas?

- Claro.

- Traduzindo, mais gastos públicos.

- Isso se chama investir!

- Mas se o uso da droga será permitido, pra quê políticas públicas para evitar seu consumo? Não entendi.

- Para esclarecer seus malefícios.

- Mas o senhor acabou de dizer que ela pode ser boa!

- Sejamos realistas. Sabemos que a droga é uma droga. E que temos que combatê-la. Mas não proibindo e, sim, desenvolvendo programas, destinando verbas para prevenção, recuperação e...

- O senhor já botou essa conta na ponta do lápis? O que acontecerá com a saúde pública? E se o senhor é a favor da liberação, ou seja, que se autorize o uso da drogas, não faz sentido algum querer verba pra aconselhar a não usá-las.

- Olha. Quer dizer. Veja bem. Ah, assim fica difícil debater. O senhor é um radical!

- E o senhor faria sua propaganda na TV usando drogas?

- Não fuja do assunto, por favor. Tudo o que quero é não permitir a proibição. Só isso.

- Posso perguntar só mais uma coisa?

- Hum.

- E os seus filhos? Tão liberados para usar quaisquer drogas?

- Epa! Capaz! Tá pensando o quê?

Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895