Quem salvará nossas crianças?
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Nesta semana, dois casos horrendos abalaram a opinião pública. Provocaram náusea e pavor ao sabermos os níveis de frieza que alguns seres humanos conseguem atingir. E por questões de pura ganância ou egoísmo exacerbado. O primeiro caso, uma rede que negociava bebês por altos valores, burlando o sistema legal de adoções. As prisões ocorridas em Pinhal e Novo Hamburgo, cujos tentáculos iam até a fronteira, revelaram aos policiais um contrabando de seres humanos tratados como uma mercadoria qualquer. Não eram vidas, para eles. Não era seres humanos. Nada além de valores monetários, do lucro fácil e sem escrúpulos que simplesmente decide alterar o rumo de uma vida como se fosse nada. E os criminosos ainda tentando se proteger com um discurso quase social, de “dar uma chance” aos pequenos, já que as mães não teriam condições de cuidar. Toda maldade é assim, hipócrita.
O outro fato chocante envolvendo crianças aconteceu em Janaúba, Minas Gerais. Um vigia de 50 anos chamou os alunos, todos de apenas quatro aninhos de idade, e prometeu lhes dar picolé. Era a festa de dia das crianças antecipada do educandário. Em seguida ele ateou fogo nos pequenos, numa professora e em si mesmo. Agora, depoimentos dão conta de que ele já havia apresentado problemas psicológicos após a morte do pai. Mas quem deu importância? Quem tinha a responsabilidade de avaliar o risco que ele colocava, tanto a si mesmo com aos com quem convivia? Muitos perceberam, muitos souberam, todos deram de ombros. Eis nossa dinâmica no mundo tecnológico, febril, veloz e raivoso: cada um por si. E seja do jeito que for, não se tem tempo para ser mais humano. Para pensar sequer em crianças. Pessoas como George Winton estão cada vez mais perto de se tornarem ficção.