Sobre policiais e golfinhos

Sobre policiais e golfinhos

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Seu bailado nas águas seduz. O salto sobre as ondas traz qualquer sorriso e poesia que arranca aplausos da multidão emocionada. Mas golfinhos não são apenas graça. Eles têm um cérebro tão evoluído que só perde (há controvérsias sobre esse “perde”) para o ser humano. E o que poucos sabem, é que os golfinhos são animais de comportamento extremamente protetor. Suas histórias de heroísmo não são meras lendas ou fábulas. Eles costumam, de fato, ajudar até mesmo outras espécies quando feridas ou em dificuldade. São exímios nadadores e mergulhadores. E dormem com um olho aberto, desligando metade do cérebro enquanto a outra fica alerta. Olha, quem o escolheu como símbolo de uma das maiores manobras de segurança pública da América Latina, não o fez por acaso. Talvez por isto a Operação Golfinho, realizada todo ano pela Brigada Militar, se aproxime do seu aniversário de cinco décadas como uma senhora respeitável, conhecida e admirada por todos os gaúchos.
A manobra de recursos humanos e materiais que todo ano desloca efetivo e ações para o litoral do Rio Grande do Sul, durante o verão, tem suas razões de ser. A população em férias, os grandes eventos, a busca pelo descanso ou pelo prazer, migram para a orla marítima. Migram junto bens e valores. E os adeptos do alheio, os que preferem o ganho sem esforço cometendo crimes, como pragas inevitáveis. Afora, claro, o atrito natural que nasce da efervescência humana e sua complexidade de interesses em conflito. A cada ano, o comando da Brigada Militar propõe a uma boa parcela do seu efetivo: nada de férias neste verão, vamos sair de suas cidades, por mais longe que sejam, do convívio com suas famílias, e ir até lá, abraçar esta missão de muito trabalho. E todo ano migram as tropas, sempre avante, como uma grande força expedicionária na missão de garantir a tranqüilidade e a alegria dos que podem descansar.
Este ano, esses atentos golfinhos da segurança pública alcançaram resultados fantásticos. Redução drástica nos crimes de roubos de carros e residências, as ações preventivas dos guarda-vidas evitando óbitos, as apreensões de drogas e armas ainda mais intensas impedindo que os crimes sequer aconteçam. Num contexto cada vez mais intolerante, egoísta e desumano, os policiais militares fizeram a sua parte, mais uma vez. Em nome da vida, da cidadania e da liberdade. Chegamos ao mês de março e, paulatinamente, as tropas retornam aos seus lares e comunidades. Talvez exaustos, mas com o sentimento de mais uma missão cumprida. O verão chega ao seu final. Mas não a esperança por dias de paz: é que policiais, assim como os golfinhos, nunca dormem.

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