Nova Ferrari abre a F1 2020 com inovações e troca de conceito

Nova Ferrari abre a F1 2020 com inovações e troca de conceito

SF1000 para Vettel e Leclerc troca velocidade de reta por mais aderência aerodinâmica

Bernardo Bercht

Scuderia aumentou a quantidade de detalhes em preto na pintura vermelha

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La nuova rosso corsa! A Ferrari abriu os trabalhos da temporada 2020 da Fórmula 1 com um cavalino rampanti cheio de surpresas. Mesmo num ano de transição, os italianos querem pelo menos uma vez dar o troco na Mercedes. Para isso, abandonaram o conceito de aerodinâmica de alta velocidade empregado em 2019 em busca de muito mais downforce. E para tanto, lançou mão de todo tipo de aleta e apetrecho, alguns inéditos.

A inovação mais à vista está na cobertura traseira do motor, radicalmente compacta, com um reposicionamento completo dos componentes de propulsão, bateria e recuperação de energia. É tão extremo o formato que a barbatana, que está ali para obedecer o regulamento para área destinada aos números, fica quase suspensa no ar, presa por apenas uma leve área de contato ao "corpo" da carenagem.

Mas vale lembrar que o grande calcanhar de aquiles da Ferrari do ano passado era a pressão aerodinâmica do meio para a frente. O carro tinha dificuldades para entrar em curva. Então vamos falar do meio da viatura, onde se encontram os elementos mais inovadores da nova Ferrari. As laterais refinam o conceito de 2019, com a parte estrutural do chassis criando aletas que direcionam o ar. Mas, atrás da proteção lateral de cabeça do piloto, há um grande vão de ar. Parece ser uma saída para o vento que passa sob o assoalho ou então pelo nariz. Ou então é uma solução extrema de refrigeração para compensar a traseira bem mais compacta.

O halo também apresenta uma novidade peculiar. Logo atrás da junção dos três pontos de fixação, a SF1000 tem um "calombo" considerável com um orifício no meio. Não deve ser uma saída de ar-condicionado para os pilotos, então tem que ser alguma outra sacada aerodinâmica que desvendaremos ao longo da pré-temporada. Por fim, o santantônio mudou completamente, bem mais estreito e em forma triangular, bem parecido com os dos anos 90. Isso abriu espaço para criar duas pequenas asas na área regulamentar destinada à entrada de refrigeração do motor. De outra forma, o carro não poderia ter apêndices aerodinâmicos por ali.

Para jogar o carro no chão, o rake (inclinação da carroceria) foi ainda mais acentuado e a suspensão dianteira montada extremamente baixa no monocoque dianteiro. Por conta disso, foi necessário criar um offset (afastamento lateral) no ponto de montagem do conjunto com a roda e barra de direção. No bico, tripartido, pequenas aletas conduzem entre assoalho e aletas laterais, numa versão menor do que já fez a Racing Point.

Falando em aletas laterais, os famosos ailerons foram esculpidos em bumeranges extremamente sofisticados por ali, gerando aquela promessa de toneladas de downforce, mas também mais chances do conjunto estolar e não gerar a performance esperada. Sobre o nariz, uma área com ranhuras e um friso horizontal indica a troca de ar entre a parte inferior e superior do carro, conceito já usado pela Red Bull há algum tempo.

Lá atrás, ao lado das rodas traseiras a estrutura de suporte e refrigeração de freios ganhou toda uma série de asinhas, enquanto o assoalho recebeu ainda mais recortes e reintrâncias. O aerofólio, por fim, radicalizou a mínima fixação das abas laterais, com um padrão extremo de onda e cerrilhado. No suporte atuador de asa móvel, mais trabalho nítido de túnel de vento.

Rumores apareceram na pré-temporada de que o carro não tinha os resultados desejados no túnel de vento, mas a nova Ferrari não parece um projeto radical demais ou improvisado demais para um erro desses. Os novos conceitos podem causar problemas e até alguma gritaria de rivais, mas tudo indica que Sebastian Vettel e Charles Leclerc vão ter, sim, armas para carimbar pódios em 2020.


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