Renault e Alonso se reúnem com projeto a médio prazo de voltar às vitórias

Renault e Alonso se reúnem com projeto a médio prazo de voltar às vitórias

Pré-contrato foi assinado ainda em maio, num acerto que permite ao espanhol desenvolver novo carro para 2022

Bernardo Bercht

Espanhol venceu Le Mans, Daytona e disputou o Dakar durante "férias" da F1

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Foi um segredo um pouco mal guardado, desde que a Ferrari anunciou a saída de Sebastian Vettel e empurrou os dominós da Fórmula 1, mas está aí: Fernando Alonso retorna à Renault, com quem foi bicampeão mundial e obteve a maior parte das suas vitórias na categoria. Um acordo que faz sentido para todos os envolvidos.

Alonso tinha avisado que tomaria sua decisão "no verão" europeu e o PitLane confirmou em maio que um pré-contrato havia sido assinado. O espanhol queria um acerto de dois anos, com opção dele para um terceiro. Uma espécie de garantia do chefão Ciryl Abiteboul de que o projeto dos franceses é de longo prazo, em meio à crise das montadoras com a Covid-19.

O bicampeão vai chegar numa Renault que ainda ocupa o lugar de time médio, beliscando pódios. Mas apesar do bicampeão ter enfatizado que seu plano de voltar seria apenas para ganhar corridas, o momento escolhido faz sentido.

Retorna em 2021, com as regras da Fórmula 1 congeladas e poucas oportunidades para a Renault avançar sobre Red Bull e Mercedes, mas com estabilidade para recuperar o ritmo e ajustar o trabalho na fábrica de Enstone. Além disso, poderá ter influência direta no comportamento do carro que será criado para 2022 com o regulamento de efeito-solo. De quebra, em suas "férias" teve a chance de vencer Le Mans, Mundial de Endurance, Daytona, correr duas Indy 500 e participar do Rally Dakar.

Em dois anos, com as novas regras, estará numa posição vantajosa com um dos quatro times que efetivamente tem capacidade financeira para criar um carro de ponta. E, como tudo muda, será a chance dos franceses darem um salto de performance para se aproximarem do alto do pódio.

A Renault, por sua vez, contrata um piloto do mesmo calibre daquele que abandonou o projeto no meio do caminho, Daniel Ricciardo. E por valores muito menores. Ao australiano, pagaria 22 milhões de dólares até o fim de 2021. Com Alonso, o acerto teria ficado na casa dos 10 milhões.

Além disso, o mercado não oferecia soluções melhores, ainda que existisse a pressão para apostar num jovem com um futuro mais longevo. A verdade é que este jovem não está em lugar algum à disposição do time francês. George Russell é atrelado à Mercedes e grande aposta para o futuro da marca. No seu programa de desenvolvimento da Fórmula 2, o chinês Guang Zhou promete, mas ainda nem se sabe se terá os pontos suficientes para a super-licença ao final do ano.

Sebastian Vettel? Foi procurado por Abiteboul, mas não deu qualquer certeza de que aceitaria começar um degrau abaixo do que tinha na Ferrari. Além disso, os valores iniciais apresentados ficariam acima até mesmo do que a Renault pagou para ter Ricciardo.

Para a Fórmula 1, é o retorno de mais um campeão e estrela ao grid, enquanto tudo indica que Vettel deixará a categoria. E quem sabe Kimi Raikkonen. Também será a oportunidade de ver mais um recorde quebrado. Com 314 GPs disputados, Alonso deverá junto com o finlandês superar a marca de Rubens Barrichello, de 322 largadas no Mundial.


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