Verstappen termina na frente e testes da F1 prometem briga de Red Bull, Ferrari e Mercedes

Verstappen termina na frente e testes da F1 prometem briga de Red Bull, Ferrari e Mercedes

Scuderia italiana foi mais consistente dos treinos e alemães mostram performance, mas com problemas de estabilidade

Bernardo Bercht

Holandês mostrou que vem forte para defender título

publicidade

E de repente, não mais que de repente vai começar a temporada 2022 da Fórmula 1. O último de três dias de testes no Bahrain terminou e deu algumas pistas, sem esclarecer muito da ordem de forças para o campeonato. A Red Bull finalmente apareceu convicta no topo da tabela, com Max Verstappen; a Ferrari seguiu confiante e consistente; a Mercedes tem imenso potencial e downforce, mas ainda luta contra o "porpoising". As três contudo, parecem ter credenciais para ganhar corridas.

Vamos falar do campeão atual então. Verstappen e Sérgio Perez andaram pela primeira vez com um pacote aerodinâmico revisado, com as laterais extremas do RB18 um pouco mais esculpidas e menos drásticas. Ainda assim, parecem mais eficientes e o carro chegou bem à marca de 1min31s720, seis décimos melhor que qualquer um fez ao longo da semana. Foi com o pneu mais macio, C5, mas ainda assim o holandês poderia ter feito algo parecido com o C4.

A dorzinha de cabeça dos energéticos é, ainda, o excesso de peso do RB18. O carro estaria ainda 12 quilos acima do peso regulamentar, o que não afeta tanto a performance máxima, mas poderá incomodar nas corridas, por conta do maior consumo de combustível.

Falemos, então, de Ferrari. A Scuderia manteve a tônica de todos os dias de testes, desde Barcelona. Liderar, ou fazer sombra aos líderes, com sequências de voltas competitivas e um carro "na mão" de Charles Leclerc e Carlos Sainz. O monegasco encerrou o dia com o segundo tempo, em 1min32s415 com o pneu C4.

Os italianos continuam garantindo que Mercedes e Red Bull escondem o jogo, mas não conseguem esconder os sorrisos nos boxes e a confiança dos pilotos para a temporada. Dificilmente o F1-75 não ganhará corridas e parece, sim, ser um postulante a incomodar na briga do título.

Temos que falar, então, da complicada ou misteriosa Mercedes. O time alemão trouxe uma reformulação extrema do W13 para o Bahrein e velocidade não falta. Ainda assim, Lewis Hamilton e George Russell garantiram que não se veem brigando por vitórias na arrancada do campeonato. No último dia, Russell foi quinto com 1min32s759 e Hamilton apenas o 17º, focado em longas distâncias.

O motivo dos percalços? Vamos falar de novo de porpoising. Todo mundo ainda apresenta um pouco do corcoveio característico quando o efeito solo perde sua eficácia embaixo do assoalho e arremessa o carro para cima, antes de puxar de novo. Só que o W13 é mais nervoso, mais exagerado, mais no limite que os rivais. Por conta disso, não só a estabilidade é comprometida, como a Mercedes perde em velocidade de reta, numa média de 10 km/h. Certo é que, resolvendo isso, não se vê nenhum carro produzindo tanto downforce quanto o W13 e, aí, os alemães voltam à contenda.

E fora as três titãs, quem vem para incomodar? A McLaren com certeza deve mostrar potencial de pódios, mas precisa corrigir um problema sério de freios que surgiu no calor do deserto. Por conta disso, perderam bastante tempo no desenvolvimento do MCL36.

Por conta disso, abriram espaço para uma turma que fala francês e habla español. O "El Plan" vinha escondido, parecia que nem iria surgir como prometido, mas a Alpine finalmente arregaçou as manguinhas e "sacre bleu", parece ter sim um carro rápido.

Com seu projeto de motor completamente novo sem ter quebras importantes, o A522 finalmente acionou um modo de competição e Fernando Alonso foi buscar o terceiro melhor tempo de todas as sessões oficiais com 1min32s698. O carro francês segue filosofia parecida com a da Red Bull, que está funcionando, então a grande dúvida era mesmo sobre o propulsor. Funciona, então nada impede Esteban Ocon e Alonso de seguirem a evolução mostrada na segunda metade de 2021.

Nessa mesma batida deverá estar a AlphaTauri. Não foi tão impressionante quanto nos testes de 2021, mas Pierre Gasly e Yuki Tsunoda mostraram de novo que o carro dos energéticos B é rápido. Devem vir muitos pontos e vão incomodar a turma da frente.

A Williams é outra que mostrou ter um carro mais consistente que no ano anterior. O FW44 é muito mais controlável que seu antecessor para Alex Albon e Nicholas Latifi explorarem seu potencial. Vai faltar aquele nível além de pilotagem de um Russell, mas pode ser um ano bom para o time britânico.

No mesmo nível, mas mais preocupada, deve vir a Aston Martin. O time queria se reaproximar da dianteira, mas ao menos na velocidade propriamente dita não foi lá muito exuberante. Vai ser na base da consistência e das táticas arriscadas que Sebastian Vettel e Lance Stroll tentarão conquistar resultados melhores.

E o pelotão não deve ter vida fácil contra a turma do fundão da temporada passada. A Haas com certeza deu um salto de qualidade e dará chances de Kevin Magnussen e Mick Schumacher lutarem para beliscar pontinhos. A Alfa Romeo foi quem mais teve problemas ao longo dos testes, mas também não parece ficar muito atrás em performance. Tem, ainda, a velocidade em treinos de Valtteri Bottas para aparecer mais vezes no Q2.

Então é isso, né rapaziada? Muita intriga, emoção e porpoising até a largada do GP do Bahrein, semana que vem. Vamos acelerar bastante!


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895