Caderno de Sábado

A torre do sono

Poeta, natural de Alegrete, presta sua homenagem ao conterrâneo mais famoso, Mario Quintana, pelos 30 anos de morte

Mario Quintana revisando os poemas escritos em sua máquina de escrever na redação do Correio do Povo
Mario Quintana revisando os poemas escritos em sua máquina de escrever na redação do Correio do Povo Foto : Carlos Rodrigues / CP Memória

Vai, Mario, vai assim

deslizando entre os dedos o vento de vidro da infância.

Vai contigo o carrilhão

da vida, escoltado

pela fúnebre orquestra dos grilos.

Vai, Mario, vai assim

carregado pela alma de cristal

da tua cidade de brinquedo.

Vai com este jeito infinito

de quem solta moedinhas

no rastro das manhãs.

Vai para Bizâncio

lá não dormem os pássaros

nem os poemas.

Vai, poeta

a morte é a torre do sono