Não terminou

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Fim de 2022 se aproxima à espera de respostas

Guilherme Baumhardt

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O que virá? Não sei. Hoje, dia 17 de novembro, a única certeza que tenho é a de que ainda teremos dias tensos, muito tensos, pela frente. Há um pedido de informações – com “urgência” – pelo Ministério da Defesa e que ainda não foi respondido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ao menos, formalmente. De maneira extraoficial, Alexandre de Moraes disse que o assunto “urnas” está “superado há bastante tempo”. Xandão dobrou a aposta. E viu o movimento nas ruas aumentar.

Na última terça-feira caminhei pelas imediações do Comando Militar do Sul. E o que eu vi? Gente preocupada com o futuro do país. Quase não se ouve falar em Jair Bolsonaro, mas sim na supressão das liberdades, nas arbitrariedades cometidas pelas cortes superiores. Há um clima de angústia no ar, mas ao mesmo tempo uma paixão por algo chamado Brasil. E isso, infelizmente, algumas autoridades não conseguem ver.

Mais uma vez volto minhas atenções e baterias para o governo do Estado. Não bastou a investida da última sexta-feira à noite, quando integrantes da Brigada Militar sinalizaram que fariam a remoção das pessoas ali presentes. Neste caso, palmas para o comandante-geral da Brigada Militar, Cláudio dos Santos Feoli. É ele a barreira que impede o uso da força (desmedida, desproporcional e injustificada) contra as pessoas que ali estão.

Consta (informação de bastidores) que dentro do governo teve gente graúda comparando a manifestação no entorno do CMS com uma invasão do MST, cobrando uma ação mais enérgica da Brigada Militar. Pergunto: se isso de fato ocorreu, em que mundo vive a cabeça iluminada que proferiu tamanha genialidade?

No Centro de Porto Alegre não há foices, por exemplo, como a que foi usada para degolar um soldado da Brigada Militar, nos anos 1990 (cabo Valdeci Lopes de Abreu). No entorno das Forças Armadas, na Capital, não se vê manifestantes montando escolinha para doutrinar crianças, como ocorre nos acampamentos e invasões do MST. Faço o convite: quem ainda não passou pelo local, por favor, gaste alguns minutos caminhando por ali. Você verá famílias, gente que canta o hino nacional, que valoriza este país, pessoas vestidas de verde e amarelo.

Enquanto o país ferve à espera de respostas do Tribunal Superior Eleitoral (elas virão?), Lula segue fazendo o que sempre fez. Viajou para o Egito e, sem cerimônia, disse que sua eleição salvou o planeta – sem um pingo sequer de modéstia. O deslocamento para a COP 27 foi em jatinho privado, de empresário investigado pela Polícia Federal. Direito de pergunta: quanto tempo até termos novamente escândalos como os revelados pela Operação Lava Jato?
Em Nova York, nossos supremos desfilaram um festival de arrogância. Mostraram, também, que sabem o linguajar da bandidagem. Ao ser perguntado de maneira polida e educada por um brasileiro, ansioso para saber se o TSE abriria o famoso código-fonte das urnas, Luís Roberto Barroso voltou-se para o sujeito e disparou: “Perdeu, mané! Não amola!”. É o que muita gente já ouviu durante um assalto. E não foi Jair Bolsonaro respondendo de maneira grosseira, foi um ministro da Suprema Corte. Mas você provavelmente não viu a imprensa escandalizada condenando a fala.

Já no grupo de transição, o show de horrores continua. Na terça-feira foram anunciados 60 novos nomes, que se somam aos que já estavam no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. Para quê tanta gente? Já são mais de 30 grupos formados. Haja sala, haja café e haja paciência para tanta gente dar pitaco. Enquanto for no grupo de transição, é um mal menor. Ruim mesmo será se toda essa gente resolver pedir uma boquinha no governo. Você ficaria surpreso?

Falta um mês e meio para o fim de 2022. O país espera por respostas. A começar para os questionamentos feitos pelo Ministério da Defesa. Fingir que nada está acontecendo só coloca mais gente na rua, Xandão.


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