Parole...

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Diversidade de opiniões e perspectivas em relação às questões políticas e sociais do Brasil, destacando discordâncias sobre o papel do STF.

Guilherme Baumhardt

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Luís Roberto Barroso tomou posse como novo presidente do Supremo Tribunal Federal. No seu discurso, disse: “A vida comporta diferentes pontos de observação e eles se refletem aqui. Porém, estivemos mais unidos do que nunca na proteção da sociedade brasileira na pandemia. E, também, estamos sempre juntos, em sólida unidade, na defesa da democracia”. Barroso é o ministro que, em Nova Iorque, disse a um apoiador de Jair Bolsonaro a célebre frase “perdeu, mané, não amola”. Barroso também afirmou, em um evento da UNE, em cima de um palanque, o seguinte: “Nós derrotamos o bolsonarismo”.

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Barroso foi além: “Há quem pense que a defesa dos direitos humanos, da igualdade da mulher, da proteção ambiental, das ações afirmativas, do respeito à comunidade LGBTQIA+, da inclusão das pessoas com deficiência, da preservação das comunidades indígenas são causas progressistas. Não são. Essas são as causas da humanidade, da dignidade humana, do respeito e consideração por todas as pessoas”.

Lugar errado

Com todo o respeito que o ministro merece – respeito que, por vezes, a Suprema Corte parece não ter com a Constituição –, penso que o ministro Barroso talvez esteja no lugar errado. Ele pode pensar o que bem entender, defender as bandeiras que bem entender. E é justo que o faça. Mas, na opinião deste simples jornalista, seria mais apropriado se o fizesse do outro lado da rua, no Congresso Nacional. Lá, sim, é o local para se defender bandeiras (como as tais “ações afirmativas”, para ficar em um único exemplo) e quaisquer outras que ele julgar corretas. Neste caso, o caminho seria abrir mão da cadeira no STF, filiar-se a um partido político e disputar o voto das ruas, coisa que Barroso não fez.

Não demorou

Índios invadiram uma fazenda em Tamarana, norte do Paraná. O grupo diz que tem direito sobre a área, depois que o STF derrubou o chamado marco temporal. Parabéns, ministros. E está só começando. Quem semeia vento, colhe tempestade.

Janja I

A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva (Janja), veio ao Rio Grande do Sul para anunciar (de novo) o que já havia sido anunciado. Foi também um teste de popularidade. Ou a falta dela. Em um determinado momento, Janja se dirigiu ao público que a aguardava do outro lado de um portão. Pelas imagens divulgadas, não havia aglomeração, nem empurra-empurra, muito menos correria. Pelo contrário. Tinha mais integrante da comitiva do que povo. Algumas horas depois, ao chegar à cidade de Lajeado, Janja ouviu em alto e bom som a população em uníssono gritar: “Michelle! Michelle! Michelle!”, em uma referência a Michelle Bolsonaro.

Janja II

Janja talvez não tenha gostado, mas também não deve reclamar. Enquanto os gaúchos choravam pelas mortes e a perda da própria história (em alguns casos as águas levaram tudo, literalmente), a primeira-dama desembarcava do avião presidencial na Índia, sorridente, dizendo: “Namastê. Me segura que eu vou sair dançando”.

Poste sem luz

A falta de carisma rendeu ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, o apelido de “picolé de chuchu”. Ao aceitar ser vice de Lula, o eterno tucano (hoje no PSB) rasgou a própria biografia, que trazia na bagagem gestões bem avaliadas à frente de São Paulo, o estado mais rico do país. Aos que não lembram, Alckmin chamou o petista de criminoso – “Lula quer voltar à cena do crime”, frase dita antes da campanha de 2018. Hoje, o sujeito sem biografia (rasgada), sem sabor (chuchu no palito), pelo visto aceitou, também, a condição de estepe de primeira-dama.

Direito de pergunta

Quantos votos recebeu Janja?

Deboche

A gaúcha Rosa Weber se despediu do Supremo Tribunal Federal nesta semana. No discurso, a agora ministra aposentada disse: “Ministro Alexandre, companheiro de andanças, jamais recusou um dos meus convites para visitar unidades prisionais. E me tornou testemunha do apreço que os detentos e as detentas têm por sua excelência. Rezamos juntos, convidados pelos detentos do 8 de janeiro, e depois percorremos diversas celas, tanto da Colmeia quanto da Papuda, onde o ministro Alexandre foi aplaudido”. Em uma das cadeiras do STF, Alexandre de Moraes sorri, ao ouvir as palavras da colega.

Estarrecedor (o outro lado)

No mesmo dia, a Revista Oeste divulgou um depoimento de uma das mulheres presas na Colmeia, e que estava na penitenciária no dia da tal visita. O relato (a identidade dela foi preservada) é estarrecedor: “A gente ouviu os aplausos da ala D (a primeira a ser visitada). Mas por quê? A Rosa Weber fez as pessoas agradecerem ele. Isso foi relatado nos banhos de sol. Foi o assunto da semana. As mulheres começaram a tremer de medo, ao ver ele (Alexandre de Moraes). Muitas urinaram na roupa, tremendo”.


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