Vaias a Eduardo Leite
As duas figuras deveriam ser como água e óleo.
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Convidado a participar da abertura do Fórum da Liberdade, o governador Eduardo Leite recebeu aplausos, mas também vaias. Um grupo de insatisfeitos com as restrições impostas durante a pandemia, que resultaram no fechamento de empresas e empregos, puxou o protesto. Leite não gostou. O primeiro governador reeleito da história do Rio Grande do Sul fez um bom primeiro mandato (de reformas a privatizações, há uma lista de conquistas), mas se quiser ir além, Leite precisa melhorar o convívio com a crítica. Reconhecer eventuais erros engrandece.
Governo e MST...
José Pedro Stédile, do movimento bandoleiro MST, integra a comitiva brasileira na China, encabeçada por Lula. No mesmo grupo está o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro. As duas figuras deveriam ser como água e óleo. Agronegócio (do pequeno ao grande produtor) não deve se misturar com quem não respeita propriedade privada e faz de tudo para bagunçar o setor que coloca comida boa e barata na mesa de milhões e milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
...de mãos dadas
No primeiro mandato, Lula ao menos teve a dignidade de colocar no comando do Ministério da Agricultura um defensor do produtor e do campo − refiro-me a Roberto Rodrigues, reconhecido e respeitado no meio. Fávaro até agora não disse a que veio. Ou melhor: talvez tenha dito e, em respeito aos leitores, o adjetivo a ser usado seja impublicável em um jornal de respeito como é o Correio do Povo.
Nem sempre foi assim
Em 2004, segundo ano do primeiro mandato de Lula, Stédile não participou da comitiva que viajou para a China. Chateado, teve um ataque de pelancas, durante um evento no Rio de Janeiro: “A nossa elite foi lá oferecer para os chineses: ‘Se vocês quiserem continuar produzindo bens de consumo de massa para os Estados Unidos e o primeiro mundo, nós aqui do Brasil entramos com o minério de ferro e a soja. Ai, que bom!’ E voltaram batendo palma. Tropa de ignorantes! Se ainda tivessem aprendido a comer de pauzinho, teriam assimilado alguma cultura”.
Janja e Haddad
A disputa é feroz entre a primeira-dama e o ministro da Fazenda para saber quem entende menos de economia. Fernando Haddad tenta explicar o arcabouço fiscal. Sem sucesso. Talvez porque nem mesmo ele entenda o besteirol que ajudou a criar. Enquanto isso, a primeira-dama Janja tenta acalmar a população, acostumada a adquirir produtos baratos chineses, sem cobrança de impostos. Escreveu a primeira-dama, em uma rede social: “Se trata de combater a sonegação das empresas e não taxar as pessoas que comprarem”. Aqui ou lá, quem paga o imposto é sempre o consumidor final. Ao empresário cabe calcular a alíquota e somar o valor aos custos e encargos inerentes a ele.
Caminho errado
Em tempo: o pleito de parcela do comércio e da indústria nacional é válido, no sentido de tornar mais justa a concorrência com os importados. Se o produto feito aqui é alvo de impostos e o que vem de fora não, há, portanto, uma desigualdade. A solução encontrada, porém, foi a pior possível. O melhor a fazer seria reduzir a carga tributária interna, e não apenas tarifar o que vem de fora. Ou seja, o objetivo do governo federal é um só: aumentar a arrecadação.
O pai dos pobres...
Muita gente, especialmente de baixa renda, encontra nos tais marketplaces asiáticos (Shopee e AliExpress) produtos populares a preços irrisórios. Ao taxar compras inferiores a 50 dólares, Lula e sua turma estão bagunçando a vida de quem ganha menos.
Absurdo...
No processo que mais avançou no âmbito da Lava Jato, Lula foi condenado em três instâncias: pela Justiça Federal, em Curitiba; pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região; e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Em uma manobra para lá de malcheirosa, a defesa lulista conseguiu junto ao Supremo Tribunal Federal a liberação para que ele disputasse a eleição. Lula, condenado em três instâncias, ficou livre para concorrer. Eis que o inelegível agora, acreditem, pode ser Jair Bolsonaro. O crime: questionar o sistema eleitoral brasileiro.
...dos absurdos
Parece piada, mas não é. Nos Estados Unidos e mesmo na Europa, há debate sobre o sistema e o resultado das eleições (a mais célebre ocorreu em 2000, entre George W. Bush e Al Gore). Nenhum deles foi punido por colocar em xeque o pleito. A vitória de Bush foi reconhecida e Gore seguiu sua vida. Mas estamos em Banânia, este local insólito onde o líder do governo em que a corrupção correu a galope foi considerado apto para a disputa de uma eleição, mas quem a questiona pode ser impedido de entrar na corrida.