China: cooperação ou dominío

China: cooperação ou dominío

Jurandir Soares

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A China diminuiu o seu crescimento nos últimos dois anos em função da pandemia, o que, aliás, aconteceu com a maior parte dos países. Mesmo assim, ela não tem crescido na média de 10%, como nos últimos anos, mas 6%, o que a mantém como a segunda economia do mundo. Embora haja organização que diga que já ultrapassou os Estados Unidos. O que é inegável é que muitos países mundo afora têm se desenvolvido graças às compras dos chineses. O Brasil é um dos maiores exemplos.
Porém, o que chama mais a atenção não são as compras chinesas, mas, a sua expansão pelo mundo. E o maior exemplo dessa expansão é o programa Road and Belt Iniciative, que é chamado de a Nova Rota da Seda. Trata-se do maior plano de investimentos da história. Ele inclui nada menos do que US$ 5 trilhões, dinheiro que está sendo investido em 65 países, que juntos concentram 63% da população global. A projeção é de investimentos ao longo dos próximos 40 anos. O objetivo é nítido. O megaprojeto inclui portos, rodovias, ferrovias, gasodutos, oleodutos e centros de distribuição, tudo para favorecer as exportações chinesas. Visa desenvolver infraestrutura terrestre, aérea e marítima para conectar melhor a China com a Ásia, Europa e África.
Os investimentos militares e civis são bancados em grande parte pelo Estado chinês, mas não só. O país organizou uma plataforma de suporte financeiro para a iniciativa, que inclui um fundo para captar investimentos privados, com capital inicial de 40 bilhões de dólares. Grandes empresários chineses aderiram, como já tinham aderido a projetos anteriores. No caso específico do Road and Belt, até agora 47 corporações da China participam de 1.676 diferentes programas vinculados ao projeto. O China Communications Construction Group, sozinho, assumiu a responsabilidade de construir 95 portos, 10 aeroportos, 152 pontes e 10.320 km de estradas. O procedimento chinês é simples: emprestam os recursos e realizam a obra. Caso o beneficiário não pague, os chineses encampam o empreendimento. Resultado: atualmente locais como os portos de Pireus na Grécia, Trieste na Itália, ou ainda Djibouti, na Etiópia, são controlados por empresas chinesas. O mesmo acontece com linhas ferroviárias que atravessam parte do continente africano, transportando mercadorias fabricadas na China para esses mesmos portos.
Em função disto vem a indagação se junto com essas atividades a China não irá tratar também de impor o seu regime comunista mundo afora. Não há essa demonstração pelo menos de momento. O que se percebe é que o regime de Xi Jinping quer o controle do que considera seu, como Hong Kong, Taiwan e o mar Indochinês. E aí, se houver, por exemplo, uma ação militar dos EUA para defender Taiwan, todos os países beneficiários do Road and Belt serão obrigados a dar suporte militar a Pequim. Com o que, se estabeleceria uma imensa rede de apoio chinês pelo mundo. Ou seja, a Nova Rota da Seda é para fins de negócios e não de política. Mas, se for necessário, será usada como apoio militar. 


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