E agora, Maduro?

E agora, Maduro?

Se não ocorrer nada em contrário, como um golpe de Estado, a Venezuela irá às urnas para definir de Madura deve continuar

publicidade

Se não houver nada em contrário, tipo um golpe de Estado, a Venezuela irá às urnas neste domingo para definir se Nicolás Maduro deve continuar como o dirigente máximo do país ou se deverá ser substituído pelo opositor Edmundo González Urrutia. Se não houver nada em contrário, tipo fraude eleitoral, a história do chavismo-bolivarionismo terá chegado ao fim. Isto porque todas as pesquisas estão apontando que o candidato oposicionista tem quase o dobro das intenções de votos com relação ao atual ocupante do palácio de Miraflores.

As dúvidas sobre este pleito se dão porque ainda ressoa o impacto de declaração de Maduro, dizendo que se a oposição ganhar haverá um banho de sangue na Venezuela. Algo que impactou até o grande aliado de Maduro, o presidente Lula. A quem Maduro mandou tomar chá de camomila, se estava preocupado.

O simples olhar para os números do país já dá para perceber que é impossível que a população queira continuar com o atual regime. A situação econômica é tão ruim que 7,7 milhões de pessoas tiveram que abandonar o país. Saíram em busca de sobrevivência, porque, ao entrar no Brasil, por exemplo, as pessoas eram indagadas sobre o porque de virem para cá, tendo em vista, tendo em vista a dificuldade de emprego. A resposta era a mesma: “aqui conseguimos comer”. O país que tem uma das maiores reservas mundiais de petróleo, que faz parte da OPEP, faliu. Vê-se o absurdo de não haver gasolina nos postos de abastecimento, formando-se imensas filas para conseguir uma quantidade limitada do produto.

Um país em que as empresas foram, gradativamente, sendo sucateadas ou fugindo para outros países. Uma situação agravada pela inflação, que por muitos anos foi a mais alta do mundo, e pelas sanções impostas por outros países, especialmente os Estados Unidos, tendo em vista a corrupção imperante e o desrespeito pelo governo às regras básicas da democracia. Aliás, um governo que, para estabelecer sua plena dominação, aliou-se aos militares e ao narcotráfico.

Esta aliança levou a um aparelhamento de todo o sistema. Desde a Suprema Corte de Justiça até o Conselho Nacional Eleitoral. Daí as dúvidas que são levantadas sobre a lisura do pleito. Um pleito do qual já foi afastada a principal candidata da oposição, Maria Corina Machado, que aparecia muito à frente de Maduro nas pesquisas sobre intenção de voto. Mas ela se tornou uma guerreira que, embora inviabilizada de concorrer, seguiu com sua campanha. Foi nomeando pessoas para sucedê-la, as quais foram sendo bloqueadas uma a uma pelo sistema. Até que, de repente, por um descuido desse sistema, Maria Corina conseguiu emplacar o nome do diplomata González.

Na entrevista que concedeu à imprensa internacional, no encerramento da campanha, na quinta-feira, Maria Corina ufanou-se em dizer que “este tem sido o movimento cívico mais profundo que há tido a Venezuela.” E mostrando sua confiança na vitória, acrescentou: “Vivemos o encerramento de um ciclo e o nascimento de uma nova era para a Venezuela”.

Maria Corina está confiante de que, apesar de todos os pesares, a oposição resultará vencedora e irá assumir o poder. E já, pensando no futuro, projeta investimentos no país. “Vamos criar confiança na Venezuela para que venham grandes investimentos de que necessitamos, nas áreas de energia, mineração, infraestrutura, telecomunicações e outras”, disse ela ao lado de González, que lidera a PUD, Plataforma Unitária Democrática, a aliança de oposição ao sistema. A intenção é aproveitar o enorme potencial energético do país, que o chavismo sucateou, e transformar a Venezuela num hub energético para a região.

Maduro, de sua parte, emitiu um comunicado pedindo um voto de confiança da população e prometendo uma mudança de rumos do país. Teve 12 anos para isto e nada fez. E, como sempre faz, culpou as mazelas dos venezuelanos pelas forças externas, especialmente o que chama de “imperialismo Yanque”. Lembrando sempre que não foram as forças externas que sucatearam o país. Foi a incompetência do governo, sua corrupção, sua perseguição à oposição e sua violação aos preceitos democráticos que levaram o país a sofrer sanções, que, como já foi dito, ajudaram a tornar mais difícil a vida dos venezuelanos. Mas, as sanções só existiram por culpa do governo.

Diante deste quadro é que fica a indagação: E agora Maduro, se não vencer, vais entregar o cargo para a oposição?


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895