EUA no ataque

EUA no ataque

Encontro do Quad indica união de países em oposição a Pequim

Jurandir Soares

publicidade

Desde o último ano do governo de Donald Trump os Estados Unidos têm realizado manobras aéreas e navais no mar do Sul da China, região que Pequim considera como extensão de seu território, mas que vizinhos como Vietnã, Taiwan, Brunei, Filipinas e Malásia também reivindicam soberania, enquanto que Washington considera a área águas internacionais. Esta mobilização não só continuou sob o governo de Joe Biden como se incrementou. Biden enviou para lá o porta-aviões USS Theodore Roosevelt, acompanhado de uma frota de navios de guerra.

As ações dos EUA têm provocado manifestações de Pequim e uma aproximação da potência asiática com a Rússia. Tanto que nesta quarta-feira o embaixador chinês em Moscou conclamou uma política conjunta entre os dois países para enfrentar os norte-americanos. Ao mesmo tempo, declarou que “há 50 anos os Estados Unidos e a China abriram a porta para um relacionamento que estava fechado havia décadas. Agora, 50 anos depois, os EUA precisam corrigir os erros que cometeram”. Bem, não é novidade que as ações de Rússia e China contra os EUA se incrementaram depois das ascensões de Vladimir Putin e Xi Jinping ao poder, respectivamente, em Moscou e Pequim. Pois, a propósito, a Rússia também entrou na lista das manobras militares norte-americanas. Nesta quarta-feira, um bombardeiro B-1B, supersônico, com capacidade nuclear, fez um pouso na área do Círculo Polar Ártico, região considerada uma espécie de quintal de Moscou. Na realidade, o pouso foi na base norueguesa de Bodo, e a parada ali foi breve. Mas, o suficiente para mostrar aos russos que esse ali pode ser um caminho para um ataque à Rússia.

E, nesta sexta-feira, Biden manteve um encontro virtual com o chamado grupo Quad, que reúne Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia, em oposição a Pequim. Ou seja, reforçando uma aliança importante. Ao mesmo tempo, em Pequim, concluía-se a Conferência Consultiva do Povo Chinês, onde foram traçados os planos para o crescimento do país nos próximos anos. Entre estes está o de se igualar, econômica e militarmente, aos EUA até 2027. Meta extremamente ambiciosa para um país que tem um déficit de 270% de seu PIB de 15 trilhões de dólares. O dos EUA é de 21 trilhões de dólares. Na área militar também há uma enorme diferença do poderio chinês para o norte-americano.

Assim é que, diante dessa situação e da sequência que Biden vem dando à Guerra Fria 2.0 iniciada por Trump, os participantes do congresso chinês decidiram pelo que lhes é mais fácil. Sufocaram de vez a oposição de Hong Kong, criando um novo sistema eleitoral para o território. E decidiram também incrementar o plano que visa à sua autossuficiência tecnológica. Porém, para tentar aliviar as tensões, referendaram um encontro, a ser realizado na próxima quinta-feira, dia 18, no Alasca, entre os mais altos representantes da diplomacia de EUA e China. O representante norte-americano já tem uma questão específica para ser colocada na pauta: a responsabilização da China pelo surgimento da Covid-19.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895