Guerra se expande perigosamente

Guerra se expande perigosamente

Hoje o conflito está em Israel, Gaza, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen e Irã, num envolvimento direto de todos estes atores. E, indiretamente, está envolvendo EUA, União Europeia, Rússia, China e Coreia do Norte

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Esta segunda-feira, 7, marcou um ano dos atos terroristas praticados pelo Hamas dentro de Israel, que resultaram em 1.170 pessoas mortas e outras 251 sequestradas. Um ato que até hoje não teve uma explicação sobre como ocorreu tamanha falha por parte dos serviços de vigilância de Israel. Porém, um ato que gerou um conflito regional que, perigosamente, ameaça ampliar-se com o envolvimento de potências extraterritoriais.

Senão, vejamos. Hoje o conflito está em Israel, Gaza, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen e Irã, num envolvimento direto de todos estes atores. E, indiretamente, está envolvendo Estados Unidos, União Europeia, Rússia, China e Coreia do Norte. E, assim como este envolvimento hoje é indireto, na medida em que o conflito se acentua, pode tornar-se direto.

CUSTOS

O primeiro e imensurável custo desta guerra é em vidas humanas. Que começou com aquelas do ataque de um ano atrás e se seguiu com as de Gaza, do Líbano e do próprio Israel na extensão dos combates. E há o custo monetário em armas e equipamentos, além de seus reflexos para o encarecimento de produtos e a geração de inflação. A entrada em cena dos houthis, sediados no Iêmen, provocou um aumento significativo no preço do transporte marítimo, devido aos ataques a navios que passaram a praticar ao longo do Mar Vermelho. Muitas embarcações tiveram que mudar sua rota, contornando a África, enquanto outras tiveram que pagar um seguro muito maior para seguirem navegando através da rota que leva ao Canal de Suez.

Outra decorrência, o aumento do preço do petróleo no mercado internacional. Um produto que poderá se tornar ainda muito mais caro se Israel concretizar o que algumas de suas lideranças defendem: um ataque aos poços petrolíferos do Irã.

ELEIÇÃO

Os Estados Unidos, que já mantêm uma ajuda anual a Israel da ordem de cerca de três bilhões de dólares, mandaram recentemente um ajuda extra em valor superior a este. Pois a decisão do presidente Joe Biden de manter a fidelidade do histórico apoio do país a Israel pode custar a eleição para o Partido Democrata. Alas mais novas do partido têm se somado à comunidade árabe local em defesa do povo palestino e contra essa ajuda incondicional a Israel.

Pesam para esta indignação o elevado número de civis que têm morrido e a falta de uma ação mais incisiva para pôr um fim ao conflito. E mais: a clara intenção do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de estender a guerra para manter-se no poder e não ter que responder aos processos que o envolvem por corrupção e malversação do dinheiro público. E ainda, a intenção de ajudar no fomento à derrota da candidata democrata Kamala Harris, para que o vitorioso seja Donald Trump, seu aliado incondicional. Quando o presidente Biden foi indagado, dias atrás, se Netanyahu quer influir no voto americano retardando um cessar-fogo em Gaza, ele simplesmente respondeu: “Não sei”.

AVANÇO

A intenção de Netanyahu de não buscar um cessar-fogo, mas de prorrogar a guerra, implica diretamente na vida dos reféns. Imagine-se o drama dessas famílias que estão há um ano sem saber a situação em que se encontram seus entes queridos. Não é sem razão que protestos constantes têm sido realizados em Jerusalém e Tel Aviv contra o primeiro-ministro a quem acusam de “falta de empenho” para trazer os reféns de volta.

O avanço desta guerra pode ter influência também na confrontação que está ocorrendo entre Rússia e Ucrânia. E uma influência em favor da Rússia, tendo em vista que os EUA são os principais fornecedores de ajuda à Ucrânia. E o compromisso primeiro do país é com Israel. Assim, de repente, poderá ter que optar para onde enviar ajuda. Até porque esses bilionários envios de dinheiro, armas, munições e equipamentos estão causando um rombo nos cofres públicos norte-americanos.

RESPOSTA

Em meio a esta manutenção do conflito, fica a preocupação com o seu aguçamento. Afinal, há poucos dias tivemos o maciço ataque dos mísseis do Irã contra Israel. Algo que deixou no ar a indagação sobre qual será a resposta de Israel. E, em decorrência, quais as consequências da mesma. A perspectiva é péssima, simplesmente porque o que se vê é uma ampliação do conflito, envolvendo cada vez mais novos atores e o cerne do problema ficando cada vez mais de lado: a solução da questão palestina.


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