Netanyahu balança: crescem as manifestações populares contra o governo
Greve comandada pela potente Histadrut teve adesão até do Aeroporto Bem Gurion, o principal do país

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O que importa mais: a obstinação de um chefe de governo ou as vidas de uma centena de reféns? Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está convicto de que irá destruir o Hamas e, ao mesmo tempo, conseguirá libertar os reféns que ainda estão em mãos da organização terrorista desde o dia 7 de outubro de 2023. A população israelense demonstra pensar diferente. Vê a guerra em Gaza se estender, sem uma perspectiva de fim, e vê também mais reféns serem mortos, conforme aconteceu com seis deles no fim de semana que passou.
As manifestações populares contra o governo têm sido, a cada semana, mais fortes. Como se viu com os protestos deste domingo em Tel Aviv e Jerusalém, assim como a adesão à greve geral promovida nesta segunda feira. Uma greve comandada pela potente Histadrut, a organização que reúne os principais sindicatos do país. Pois até o Aeroporto Bem Gurion, o principal do país, que serve Tel Aviv e Jerusalém, aderiu ao movimento paredista.
IMPASSE
O impasse para um cessar-fogo está num item da proposta formulada pelo secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, depois de ter mantido reunião com representantes do Egito e do Catar. A proposta de acordo que resultou previa duas etapas. Na primeira, Israel se retiraria parcialmente da Faixa de Gaza e os reféns seriam libertados. Na segunda etapa se daria a retirada completa das forças israelenses de Gaza. Netanyahu insiste em manter forças na área que ele chama de “Corredor Filadélfia”, que envolve a fronteira de Gaza com o Egito.
Os indicativos são de que a recusa de Netanyahu levou o Hamas a executar os seis reféns que apareceram mortos no fim de semana. Os terroristas palestinos dizem que os reféns morreram em decorrência dos bombardeios das forças israelenses. Seja qual foi a causa, o fato agitou ainda mais a já revoltada população israelense, que se mostra indignada pelo modo como o primeiro-ministro vem tratando a questão dos reféns. “Um acordo é mais importante do que qualquer outra coisa”, disse Bar-David em entrevista coletiva. “Estamos recebendo sacos para cadáveres em vez de um acordo.”
REVOLTA
A indignação da população israelense com seu primeiro-ministro é tamanha que a Histadrut, a central dos sindicatos israelenses, tomou para si a tarefa de organizar a greve geral desta segunda-feira. Movimento que veio respaldado por manifestações como do Fórum das Famílias de Reféns, que declarou: “Não se trata de uma greve, trata-se de resgatar os 101 reféns que foram abandonados por Netanyahu”. A obstinação de Netanyahu é acabar com o Hamas. Já disse e repito que o Hamas é mais que um grupo que espalha o terror. Ele é fruto de um ideal dos palestinos, que é ter o seu próprio território soberano. Na medida em que os integrantes do Hamas vão sendo mortos, vão sendo substituídos. E isto vai desde o alto comando até os simples combatentes.
OCUPAÇÃO
Outro fator que está fazendo o conflito se ampliar é outra ação incentivada por Netanyahu, em atenção às reivindicações de partidos radicais da direita que o apoiam. Isto diz respeito aos ilegais estabelecimentos de colônias judaicas na Cisjordânia. Isto tem levado a choques cada vez mais constantes entre colonos invasores e palestinos moradores do local. O resultado é que esses palestinos resolveram também se armar, se organizar em grupos e contra-atacar. Na esteira, têm vindo os bombardeios da aviação israelense às cidades onde esses grupos se organizam.
O fato é que só o que se vê nos últimos tempos é o aumento do radicalismo. Fato que dificulta ainda mais a libertação dos 101 reféns que ainda estão de posse do Hamas. Sendo que, de acordo com as informações, dentre esses, o número de mortos pode chegar a 30. E, se não houver um acordo rapidamente, esse número tenderá a aumentar. E, conhecendo-se o radicalismo do Hamas, poderá chegar ao ponto de nenhum deles retornar com vida.
COBRANÇA
Daí a cobrança que está sendo feita sobre Netanyahu. Imagine-se a situação de terror que estão enfrentando essas pessoas. A propósito, dentre os últimos seis mortos, em um deles foram constatados sinais de tortura. E estamos praticamente a um mês de completar-se um ano em que estão em mãos da organização terrorista. E Netanyahu nem liquida com o Hamas nem consegue a libertação dos reféns.