O poder de Israel e de Irã
Uma guerra hoje entre Israel e Irã seria catastrófica, pois, assim como Israel tem o apoio dos EUA, o Irã tem o respaldo da China e da Rússia
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A guerra que Israel trava contra as organizações fundamentalistas islâmicas, que têm atacado seu território, está se espalhando por grande parte do Oriente Médio. Já chegou até o Iêmen, cerca de dois mil quilômetros de distância de Israel, onde estão os houthis, que se constituem em mais um grupo financiado pelo Irã. E aumenta o perigo de o próprio Irã entrar diretamente no conflito, embora seja uma possibilidade remota. Os aiatolás conhecem a potência bélica de Israel e, dificilmente, irão se atrever a uma confrontação direta. Para Teerã está muito cômodo esta guerra por procuração, pois desgastam Israel, promovem mortes e estragos dentro do país inimigo. E quando Israel reage, quem morre não são cidadãos iranianos.
CONIVÊNCIA
Israel tem sido acusado de promover, com suas ações, um elevado número de mortes de civis. O que é verdade. Basta ver o que acontece em Gaza e o que está acontecendo agora no Líbano. Na caça aos terroristas, mata significativo número de mulheres e crianças, além de promover o deslocamento de enormes contingentes, conforme está acontecendo agora no Líbano. E aí vem a conivência do Irã, pois financia organizações terroristas que instalam seus quartéis e seus bunkers em meio à área civil. O recém abatido líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, estava com seu sistema de proteção instalado sob um edifício residencial. Em Gaza, o Hamas chegou a se aquartelar sob o prédio de um hospital. Assim é que, na medida em que fomenta as ações de seus prepostos, o Irã está expondo aquelas populações civis e, por extensão, sendo conivente com o que faz Israel. Da mesma forma o Irã é corresponsável pelos atos terroristas praticados pelos Hamas a Israel, que na próxima segunda-feira completam um ano, pois foi ele que armou a organização fundamentalista.
PODERIO
Diante da possibilidade de um confronto, fica a indagação a respeito do poderio militar de Israel e de Irã e que é respondida pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, organismo sediado em Londres e cuja sigla em inglês é IISS. Segundo dados de 2023 o Irã possui 650 mil militares. A Guarda Revolucionária é responsável por 190 mil combatentes. Já Israel tem 177,5 mil pessoas em seu efetivo, contando com militares do Exército (onde a maioria está alocada), Marinha, Aeronáutica e outras forças. Não se pode esquecer que todo cidadão israelense, homem ou mulher, em determinada faixa é etária, é reservista das forças armadas. Além disto, Israel tem a proteção dos Estados Unidos, de quem recebe os mais modernos equipamentos militares, como os sistemas capazes de abater em pleno ar os mísseis que são lançados contra o seu território.
A grande diferença entre os dois países é a população. Israel tem uma população de pouco mais de nove milhões de habitantes, o que corresponde ao número de habitantes da capital iraniana, Teerã. No total, a população do Irã beira os 89 milhões. Mas isto não conta muito nos dias atuais de guerra tecnológica. Na qual, aliás, Israel tem demonstrado extraordinários avanços, como na explosão dos pagers usados pelo Hezbollah. Assim como na estratégia para achar o esconderijo de Nasrallah e também no tipo de bomba usada para abatê-lo. Abro um parêntese para destacar mais uma vez as vítimas civis. Morrem cidadãos libaneses que não têm nada a ver tanto com o Irã quanto com Israel.
SITUAÇÃO
O fato é que estamos diante de uma situação que tende a piorar, porque, na medida em que o tempo passa, vão se somando os participantes do conflito. No início da guerra de Gaza tínhamos a confrontação do Hamas com Israel. Porém, logo somou-se a Jihad Islâmica. Na sequência, o Hezbollah. Na medida em que os combates foram se intensificando, vieram os houthis, xiitas, que tentam tomar o poder no Iêmen com o apoio do Irã. Lutam contra a facção sunita apoiada pela Arábia Saudita. E na semana passada surgiu a Resistência Islâmica, outro grupo xiita radicado no Iraque.
Uma guerra hoje entre Israel e Irã seria catastrófica, pois, assim como Israel tem o apoio dos EUA, o Irã tem o respaldo da China e da Rússia, para quem, aliás, fornece determinados armamentos para uso contra a Ucrânia. Um detalhe à parte do conflito é que boa parte da população iraniana gostaria de ver os aiatolás serem apeados do poder em seu país.