Suécia e Finlândia na Otan

Suécia e Finlândia na Otan

Países nórdicos querem tratar logo de se associar à Aliança Atlântica para terem proteção

Jurandir Soares

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As primeiras-ministras da Suécia, Magdalena Andersson, e da Finlândia, Sanna Marin, se reuniram na quarta-feira para discutir sobre a entrada de seus países na Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Ocorre que ambos os países foram ameaçados de serem bombardeados pela Rússia caso aderissem à Aliança Atlântica. Moscou promete não ameaçá-los em troca de sua neutralidade. Mas todos sabem como a Rússia cumpre suas promessas. Com relação à Ucrânia, por exemplo, passou o tempo todo dizendo que estava só fazendo exercícios militares em torno daquele país e nem cogitava uma invasão. Com informações concretas de seus serviços de Inteligência, o presidente americano, Joe Biden, afirmava que o ataque de Moscou era iminente. O que acabou acontecendo, pegando a Ucrânia indefesa, por não fazer parte da Otan.

Assim é que os dois países nórdicos querem tratar logo de se associar à Aliança Atlântica para terem proteção. A Finlândia conhece bem o que é uma intervenção russa. Foi invadida pela União Soviética em 1939, em uma "Guerra de Inverno" de três meses, em que sua feroz resistência hoje traça paralelos com a guerra ucraniana. No final de uma chamada guerra de "continuação" (1941-1944) contra os soviéticos, o país nórdico foi então submetido a uma neutralidade forçada durante toda a Guerra Fria. Foi apenas na década de 1990 que a Finlândia aderiu à União Europeia e se tornou uma parceira da Otan, sem ser um membro permanente. As pesquisas apontam que o apoio da população finlandesa à medida dobrou, passando para 60%, um índice inédito. A parcela dos que rejeitam a ideia caiu para cerca de 20%. Caberá ao Parlamento, nos próximos dias, decidir.

Já a Suécia, na história recente, tem mantido neutralidade, embora mantendo cooperação com a Otan, tendo participado inclusive de ações militares no Afeganistão, Bósnia, Kosovo e Chipre. Aderiu à União Europeia em 1995. Mas a Suécia se tornou um grande produtor de armamentos. Mantém uma ampla cooperação com países europeus em termos de tecnologia de defesa. E o país produz inclusive o caça Gripen, que o Brasil comprou para a FAB.

O fato é que, por não confiar na Rússia, Suécia e Finlândia estão tratando de se colocar sob o guarda-chuva da Otan. Só que esta providência tem que ser rápida, sob pena de se repetir o que aconteceu com a Ucrânia, que foi atacada antes de receber o aval da Organização do Atlântico Norte e, com isto, a mesma ficou impedida de sair em defesa dos ucranianos.

 


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