O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passou os últimos dias circulando pelo mundo, encontrando-se com vários chefes de governo, inclusive com o seu homólogo brasileiro Lula da Silva. Sempre fazendo o seu proselitismo com o propósito de resolver os conflitos mundiais e se habilitar ao Nobel da Paz. Enquanto isto, seu país completa hoje 30 dias em meio ao caos gerado pelo shutdown.
Desde o dia 1º de outubro, gradativamente, tudo vai parando nos EUA. No domingo, 26, mais de 2.700 voos foram atrasados. Na segunda-feira, 27, este número já chegava a 13 mil voos atrasados. Consequência da falta de pagamento dos salários de pilotos, operadores de voos, funcionários administrativos de aeroportos ou de companhias aéreas, etc.
CUSTOS
Imagine-se o que representa para o país que é a maior economia do mundo um colapso no seu sistema aéreo. Mas, evidentemente, que este é apenas um dos setores afetados. Os servidores públicos são os primeiros a verem interrompidos seus salários. Consequência lógica, lentidão ou interrupção dos serviços. E mais, prejuízos para as pessoas e para o país.
Param desde a emissão de vistos e passaportes até as pesquisas feitas por órgãos federais, onde se inclui a divulgação de indicadores econômicos, o que afeta o mercado e os investidores. Pode incluir ainda a paralisação de museus e de parques nacionais, entre outros setores.
DEMISSÕES
Milhares de servidores públicos são colocados em licença sem remuneração. O presente shutdown já afetou cerca de 750 mil funcionários, impactando a renda familiar e podendo levar à inadimplência de pagamentos como hipotecas. A situação gera temores sobre demissões em massa e um possível desemprego para mais de 40 mil servidores.
A Casa Branca estima que a paralisação somente neste mês de outubro de 2025 poderia gerar um prejuízo de 15 bilhões de dólares por semana ao Produto Interno Bruto (PIB). Estudos do banco Goldman Sachs corroboram que cada semana de shutdown impacta o PIB em 0,2%.
DÓLAR
Essa prolongação do shutdown já afetou o dólar, que perdeu força nas últimas semanas e já levou o Federal Reserve a cortar juros antes do prazo previsto. Contrariando inclusive os preceitos básicos da entidade de só cortar juros quando a inflação está em baixa.
E o que se vê hoje no país é a inflação subindo por dois motivos. Um, decorrência desses aspectos do shutdown que estamos analisando. Outro, devido à falta no país de produtos importados de países que foram alvo das taxações impostas por Donald Trump. Pode-se incluir aí o café e a carne procedentes do Brasil, que estão fazendo falta no mercado americano. Aliás, este pode ser um fator a fazer com que Trump repense as taxas que impôs ao nosso país.
CAUSAS
É sempre bom lembrar que se chegou a essa situação pelo fato de o Congresso não ter conseguido aprovar o orçamento federal até o último dia de setembro. E não o fez por falta de articulação política. O Partido Republicano, que tem maioria na casa, não conseguiu a aprovação. Ou seja, faltou articulação para os parlamentares do partido do presidente que quer ser o maior negociador do mundo.
O shutdown do governo dos Estados Unidos não é apenas uma paralisação administrativa temporária, mas um fenômeno político-econômico que evidencia as tensões internas do sistema de freios e contrapesos norte-americano, e produz efeitos que se irradiam para além das fronteiras do país.
ANTECEDENTES
O consolo de Trump é que ele não é o primeiro governante norte-americano a enfrentar este tipo de paralisação. Aliás, ele mesmo já enfrentou em seu primeiro governo.
O Congressional Budget Office (CBO) calculou que o shutdown de 2018-2019, o mais longo da história, com 35 dias, causou prejuízos de aproximadamente 11 bilhões de dólares, sendo que 3 bilhões foram perdas permanentes, incapazes de serem recuperadas posteriormente. Já em 2013, durante o governo Obama, os 16 dias de paralisação resultaram em perdas estimadas em 24 bilhões de dólares, de acordo com a Standard & Poor’s. Só lembrando que as perdas de agora estão sendo estimadas em 15 bilhões de dólares, por semana!
