Ocorre nesta terça-feira, 4 de novembro, a eleição para a prefeitura de Nova Iorque, cujo resultado pode mudar a história da cidade e do Partido Democrata. Um partido que tem se alternado com o Republicano no governo dos Estados Unidos sem que a política implementada seja muito diferente de um ou de outro. Nas últimas décadas estiveram ocupando a Casa Branca figuras democratas como Jimmy Carter, Bill Clinton, Barack Obama e Joe Biden. Todos com uma postura que não diferiu muito das que tiveram os republicanos Ronald Reagan, George Bush pai e George Bush filho. A diferença maior se dá agora com Donald Trump, mas este difere até mesmo dos seus parceiros republicanos.
ESTADOS
O que passou a diferenciar as políticas de democratas e de republicanos se deu em alguns estados, que se tornaram reduto de um ou de outro partido. Assim, por exemplo, Califórnia e Nova Iorque se tornaram redutos democratas, enquanto que Texas e alguns estados do Meio Oeste são tradicionalmente republicanos.
A mesma tendência se dá para as prefeituras das grandes cidades. Nesse sentido, Nova Iorque tem tido uma predominância de prefeitos democratas, o que não impediu que um republicano, Rudoph Giuliani, se tornasse um dos mais destacados a governar a cidade nos últimos tempos. É dele a implantação do sistema “Tolerância Zero” de combate à criminalidade. Sua política consistiu em equipar, treinar e pagar bem a Polícia, com o que obteve êxito no seu intento.
TENDÊNCIA
Hoje, os novaiorquinos deverão ir às urnas para eleger seu prefeito e as pesquisas de opinião estão indicando uma mudança substancial. O favorito para o pleito é um jovem muçulmano de 34 anos, Zohran Mamdani, que se destacou como deputado estadual do Queens. Um destaque tamanho que chegou a provocar uma divisão no Partido Democrata.
Isto porque ele faz parte da ala mais à extrema esquerda do partido, que tem como expoentes o senador Bernie Sanders e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez. Um grupo que defende o socialismo, justo no país mais capitalista do mundo. Sanders tentou nas mais recentes eleições conquistar a indicação como candidato democrata à presidência do país, mas não levou. Inclusive a candidata escolhida no último pleito, Kamala Harris, procurou não se aproximar muito dele.
RACHA
A presente eleição para prefeito de Nova Iorque acabou provocando um racha entre os democratas, pois o ex-governador do estado, Andrew Cuomo, que foi derrotado na convenção para escolha do candidato do partido à prefeitura, se rebelou e resolveu concorrer como candidato independente. A rejeição se dá porque Mamdani nem americano é. Ele nasceu em Campala, Uganda, em uma família indiana, de religião muçulmana xiita, filho do acadêmico Mahmood Mamdani e da cineasta Mira Nair. A família se mudou para Nova Iorque quando ele tinha 7 anos de idade. Hoje, além de deputado, é professor de estudos pós-coloniais na Universidade Columbia.
TRAUMA
Se por um lado ele parece estar recebendo o apoio da população, por outro, há rejeição a seu nome por dois aspectos. Um, a sua posição esquerdista, contrariando o histórico americano. Outro, a lembrança que ainda paira sobre os novaiorquinos do 11 de setembro de 2001, em atentados perpetrados por muçulmanos.
No entanto, ele está recebendo um apoio muito importante de uma figura histórica do Partido Democrata, o ex-presidente Barack Obama. Segundo noticiou o The New York Times, em uma ligação de meia hora Obama elogiou a campanha do correligionário e se ofereceu para ser seu conselheiro no futuro, caso vença a eleição. Ou seja, Obama demonstra ter aderido à filosofia mais à esquerda do partido, com o que estaria dando uma substancial colaboração para o racha entre os democratas.
PREFEITO
Assim é que, salvo um erro das pesquisas – o que não seria novidade – os novaiorquinos passarão a ser governados por um jovem, muçulmano e socialista. Ou seja, algo que até pouco tempo atrás parecia impensável.