Eram dois irmãos calados
– um tropeça e outro cai –
o queixo duro da mãe,
o mesmo silêncio do pai.
As fainas do dia a dia
carregavam ombro a ombro.
E tão bem se entendiam
qual o vulto e sua sombra.
Apostavam no mesmo baio,
mateavam horas a fio.
No mundo não há quem explique
as razões do desafio.
Por questões de sesmarias
ou por afago de fêmea?
Ou quem sabe o braço afoito
ou mesmo a boca blasfema?
Beberam jarras de ódio,
comeram rações de avareza.
A loucura e a ganância
sentaram na mesma mesa.
Poncho atado um no outro
e as adagas de um bom corte.
Enlaçados pelo ódio,
abraçados pela morte.
Duas vertentes de sangue
se encontram logo em seguida.
Nem mesmo a morte separa
os rumos daquelas vidas.
