Pedale sua bicicleta
nos descampados da solidão.
Se possível, faça um cooper,
de sua mente ao coração.
Que faço das minhas certeza?
Enquadro numa moldura?
Certezas são sempre frutas
que nunca ficam maduras.
– Vamos brincar de pegador!
(A velhice nos exorta...)
Prefiro brincar de esconder,
respondo detrás da porta.
Se teu corpo fosse lenha,
eu faria labareda,
riscando, com minhas unhas,
a tua pele de seda.
O sono também preserva
sua gestual liturgia:
Quem boceja, beija a noite,
espreguiça, abraça o dia.
A memória pede pista,
curve o corpo, solte as rédeas.
A imaginação transforma
más lembranças em comédias.
Entregue seu corpo à terra,
em vez de pompas e luto,
jogue sementes e mudas,
muito em breve virão frutos.
É meu nome um mero acaso.
Breve é o tempo, amplo o espaço.
Minha profissão, a poesia.
Meu país, onde me abraçam.
