Marcos Santuario

Pra ver e crescer

O que o cinema entrega à imaginação das crianças

'O Menino e o Mundo', de Alê Abreu, é uma destas verdadeiras obras-primas visuais
'O Menino e o Mundo', de Alê Abreu, é uma destas verdadeiras obras-primas visuais Foto : Elo Company / Divulgação / CP/ Divulgação / CP

Num mundo de telas velozes e algoritmos viciantes, é urgente perguntar: o que estamos entregando à imaginação das nossas crianças? O cinema, esse portal de mundos e sentidos, pode tanto alienar quanto libertar. Pode emburrecer ou educar, apagar raízes ou florescer identidades. É preciso resgatar o cinema como uma ferramenta de formação cultural, sensível, ética. Nossa cultura é vasta, diversa, bela e contraditória e precisa estar presente nas histórias que mostramos a quem está se formando. Existem, sim, obras cinematográficas que respeitam a inteligência das crianças e as conectam com o Brasil real e imaginado.

Filmes como “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, são verdadeiras obras-primas visuais que, sem palavras, dizem tudo sobre desigualdade, beleza e esperança. “Pequeno Príncipe Preto” reinventa um clássico a partir de uma perspectiva afrocentrada, que valoriza a ancestralidade negra com poesia. Já “Tainá – Uma Aventura na Amazônia” traz uma heroína indígena que fala com a floresta e enfrenta traficantes de animais, tudo sem abrir mão da delicadeza.

O cinema também pode provocar riso e reflexão ao mesmo tempo. “Historietas Assombradas” se inspira em lendas brasileiras para criar um universo de terror leve e cheio de criatividade. “Turma da Mônica – Laços” emociona ao mostrar amizade em cenários que lembram quintal da casa de avó. “Irmão do Jorel – O Filme” transforma caos em arte, com críticas afiadas e humor nonsense que fazem sentido até a adultos atentos. Há também curtas-metragens poderosos. Mas falamos deles em outro momento.