Enquanto “O Último Azul” de Gabriel Mascaro continua a conquistar o público nos cinemas brasileiros, após uma première impactante no Festival de Cinema de Gramado, é hora de nos prepararmos para mais uma tempestade cinematográfica. E ela atende pelo nome de “O Agente Secreto”, novo filme de Kleber Mendonça Filho, que ganha pré-estreias a partir deste sábado, dia 25, incendiando telas em várias partes do país, com destaque especial para Porto Alegre.
Sim, a capital gaúcha, berço de um dos festivais de cinema mais respeitados do Brasil, se transforma, mais uma vez, em palco para o encontro entre cinema autoral e público inquieto. Não se trata apenas de assistir a um filme. Trata-se de ser cúmplice de um diretor que nunca se esquiva das zonas de tensão do Brasil contemporâneo. Depois dos aclamados “O Som ao Redor”, “Aquarius” e “Bacurau”, Kleber retorna com um thriller político de quase três horas que não pede licença para cutucar, questionar, inquietar. Em “O Agente Secreto”, Wagner Moura interpreta Marcelo, um especialista em tecnologia que retorna ao Recife fugindo de um passado obscuro. Mas a cidade, tão viva, pulsante e ameaçadora quanto um personagem, não o recebe com braços abertos.
O refúgio se revela armadilha. Porto Alegre, com sua tradição de olhar atento ao cinema de fronteira e pensamento, abraça “O Agente Secreto” como se deve: com salas cheias, debates fervorosos e a certeza de que o cinema nacional está mais vivo, e provocador do que nunca. Este é um chamado: quem quiser apenas entretenimento, pode mudar de sala. Mas quem quiser um mergulho sem colete em um Brasil entre sombras e vigilância, o lugar é aqui. As pré-estreias já começaram. O filme, que vai tentar colocar o Brasil novamente na reta do Oscar, começa, mas a conversa está só começando.