Natal com lei e ordem

Natal com lei e ordem

O Brasil talvez seja o único país deste mundão de Deus que ainda tem terras sobrando para quem nela quiser trabalhar e produzir alimentos.

Correio do Povo

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O MST sempre gostou de palavras de ordem como “terra para quem nela trabalha”, “abril vermelho”, “ocupação é a única solução” e, agora, a mais recente: “Natal com terra”. Na verdade, tais expressões e frases não passam de bobagens que parecem mais fortes quando ditas em jograis ou em corais desafinados. O Brasil talvez seja o único país deste mundão de Deus que ainda tem terras sobrando para quem nela quiser trabalhar e produzir alimentos. Por exemplo: por que o Centro-Oeste brasileiro já produz mais alimentos que a Argentina? Porque para lá foram verdadeiros agricultores que perderam suas terras para barragens ou porque seus minifúndios já não produziam o suficiente para o sustento de suas famílias. Perguntem para a segunda geração dos atuais produtores de soja, arroz, milho, em Lucas do Rio Verde, como eles chegaram ao atual estágio de riqueza e conforto? A resposta será sempre a mesma. “Chegamos como colonos e tratamos a terra recebida com o nosso conhecimento e o nosso trabalho”. Eu estive em Lucas do Rio Verde, em 1982, quando esta imensa área era apenas um ponto perdido a 334 km ao norte de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Quem desenolveu Lucas do Rio Verde? 203 famílias de colonos que vieram da Encruzilhada Natalino, município de Ronda Alta, desalojadas pelas águas da barragem do Passo Real. Estas 203 famílias ganharam lotes de 200 hectares do Incra e hoje Lucas do Rio Verde, para resumir, tem duas extensões universitárias e a renda per capita de seus habitantes é de R$ 63 mil reais. Tudo – rigorosamente tudo – de riqueza produzida no município tem sua origem no suor e na dedicação daqueles colonos que chegaram a uma terra desconhecida, mas receptiva para quem quisesse trabalhar. Como Lucas do Rio Verde há outros assentamentos também desbravados pelo Incra, mas é melhor não fazer comparações quando terras são distribuídas ao MST. Em Lucas do Rio Verde, tenho certeza, haverá Natal com lei, com ordem e com fartura. Em Pedras Altas, o MST quer Natal com terra, mas invadindo propriedades produtivas. Neste caso, o MST só terá uma confraternização natalina com a Brigada Militar. Que, a propósito, agiu de maneira exemplar em Pedras Altas.

Tolerância zero

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, deputado Ernani Polo, garantiu aos proprietários rurais do RS que não haverá invasões de terra no nosso estado. As forças da Segurança Pública estão mobilizadas para aplicação de tolerância zero aos invasores.

Vale lembrar

No Rio Grande do Sul não há mais terras para qualquer projeto de Reforma Agrária. Nossas terras produtivas já estão em excelentes mãos que sabem manejá-las com conhecimento e tecnologia.

Mais uma lembrança

Delfim Netto quando era ministro da Agricultura certa vez disse que era contra a reforma agrária – e o Jornal do Brasil publicou – porque além dos lotes, adubo e máquinas que fossem distribuídos seria preciso também um casal de japoneses para produzir na terra entregue aos brasileiros. Delfim não conheceu os “afogados” do Passo Real.

Ameaças do MST

Em maio do ano passado, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) que avaliava irregularidades do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) se reuniu em audiência pública para ouvir ex-integrantes do movimento. Nelciliene Reis, que morou em um acampamento do MST de 2016 a 2019, afirmou que as famílias que viviam no local eram usadas como massa de manobra pelo movimento. Ela disse ainda que os acampados trabalhavam para o MST sem remuneração e ainda eram punidos caso não obedecessem as normas do acampamento.

Proteção policial

Nelciliene disse que se desligou do MST por causa de divergências com a organização do acampamento. A partir daí, ela afirma ter sido ameaçada de morte, tendo sobrevivido porque a polícia chegou a tempo de defendê-la e sua família.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895