Autonomia para obter vacinas vem tarde, mas é necessária

Autonomia para obter vacinas vem tarde, mas é necessária

Decisões do Supremo e da Assembleia impulsionam compra de doses contra a Covid-19

Mauren Xavier (interina)

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As decisões no âmbito nacional, com discussões no Supremo Tribunal Federal, e estadual, com a aprovação de projeto na Assembleia Legislativa, concedendo autonomia para os governadores e prefeitos providenciarem vacinas contra a Covid-19, devem ser enaltecidas. Mesmo assim, é de se lamentar que tal mobilização ocorra apenas neste momento, quando os números indicam o colapso do sistema de saúde em Porto Alegre. Há unidades atendendo muito além da sua capacidade, pacientes esperando horas por atendimento e muitas vezes sem obtê-lo, e na semana em que a pandemia completa um ano no Brasil, o que poderia soar como irônico.Afinal, o Estado enfrentou a pandemia dentro de um ambiente de controle, sem esquecer das milhares de mortes, e vive o seu pior momento agora.

A verdade é que essas articulações, de modo efetivo, já deveriam ter ocorrido há meses e estarem consolidadas agora. Neste momento, quando o que mais faltam são doses no mercado, todo o esforço para aquisição de vacina terá que ser muito maior e, automaticamente, mais custoso. No atual cenário, com a velocidade elevada das transmissões e das ocupações de leitos, todo dia é valioso. Durante entrevista ao ‘Esfera Pública’, o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que já realizou contato com os laboratórios responsáveis pela produção de vacinas e que “está buscando todos os caminhos possíveis”. “Eu advogo pelo Plano Nacional de Imunização. O problema é que ele é liderado pelo Ministério da Saúde e o país não tem conseguido o volume de doses suficientes na velocidade que deseja”, lamentou.

É impossível não fazer críticas ao despreparo do Ministério da Saúde, tão reconhecido pela expertise em vacinação e que deixou Estados e municípios à mercê. Porém, mais uma vez, a cada dia que se passa, são vidas perdidas e o vislumbre do novo normal fica mais distante. Em tempo, apesar das críticas, Leite acredita que a cogestão não traz "descrédito" ao modelo de Distanciamento Controlado. “A bandeira preta é um alerta à população”, enfatizou. Falta saber se as pessoas vão compreender esse alerta na prática. 

Apartes. Diante da decisão do Supremo, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) vai liderar a constituição de consórcio público com finalidade especifica para aquisição de vacinas contra a Covid-19. 


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