Cogestão é mantida e custo político será compartilhado

Cogestão é mantida e custo político será compartilhado

Segundo Leite, não está descartada a possibilidade do governo rever ações de enfrentamento à pandemia

Mauren Xavier (Interina)

Em tempo: a conta do Carnaval ainda não chegou.

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Após os apelos dos prefeitos que defenderam a manutenção da cogestão do modelo de Distanciamento Controlado, o governador Eduardo Leite (PSDB) cedeu. O argumento, anunciado em live no final da tarde desta segunda-feira, era de que diante da necessidade do “engajamento dos prefeitos”, a cogestão está mantida. Em outras palavras, o custo político da decisão de adotar ou não medidas mais restritivas, conforme a indicação das bandeiras, diante da aceleração dos casos, será compartilhado. Se confirmado o panorama detalhado pelo próprio governador de que o colapso da rede hospitalar está muito próximo e que esse é o “auge da crise”, veremos o efeito prático desta decisão em poucos dias.

Mas alguns deles já estão visíveis, como as filas de pessoas aguardando consulta em pronto atendimentos de Porto Alegre, ao longo do dia. Mesmo com a adoção de outras medidas, como ampliar o período da suspensão das atividades das 20h às 5h, a partir de terça-feira, a manutenção da cogestão enfraquece, em parte, o modelo do governo do Estado. Uma vez que bandeiras pretas, que devem indicar alerta, na prática, vão acabar flexibilizadas por muitos prefeitos poderão ter efeitos menores do que o esperado.

Afinal, do que adianta a bandeira indicar que são necessárias restrições para conter a transmissão, se nada é feito efetivamente neste sentido? E citando a própria manifestação do governador, não é possível contar apenas com o bom senso da população. Se fosse assim, não seriam necessárias regras. Leite voltará a se reunir com os prefeitos na quinta-feira e não está descartada a possibilidade de o governo rever ações de enfrentamento à pandemia. É o prazo também para ver como seguirá a velocidade da ocupação de leitos. 

Timing errado
Muitos prefeitos, ao longo da reunião com o governador, nesta segunda-feira, reforçaram a necessidade da aquisição de vacinas contra a Covid-19. A demanda é mais do que urgente, uma vez que é essencial para o enfrentamento da pandemia. Na verdade, o timing talvez esteja errado. O momento de exigir a disponibilidade de doses foi meses atrás, quando a contaminação e os casos estavam sob controle no Estado.

Apartes: 
É muita ingenuidade acreditar que apenas as aglomerações são as responsáveis pela acelerada na ocupação dos leitos hospitalares e pela circulação do vírus. Em tempo: a conta do Carnaval ainda não chegou. 


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